PT faz 44 anos
História política
Renato Dias
Após lutar contra a sórdida ditadura civil e militar, sair às ruas por eleições diretas à presidência da República, condenar o Colégio Eleitoral, defender uma assembleia constituinte livre e soberana, ganhar cinco pleitos, ser alvo de um golpe pós-moderno e de uma tentativa frustrada de abolição violenta do Estado de Direito, o PT faz 44 anos neste dia 10 de fevereiro de 2024.
Fundado no Colégio Sion, São Paulo capital, em 1980, por sindicalistas, egressos da luta armada, organizações trotskistas como OSI, DS, CS, ala ligada à Teologia da Libertação, Igreja Católica, além de intelectuais de esquerda, com um programa socialista, de defesa da democracia, ele sempre propôs reformas no capitalismo tardio, dependente e periférico do Brasil. Nos séculos XX e XXI.
Membro do Foro de São Paulo, crítico das experiências do socialismo realmente existente, a sigla apoiou a fundação da CUT, em 1983, do MST, no ano de 1984, optou pelo presidencialismo em 1993, disputou nove eleições ao Palácio do Planalto, com cinco vitórias e ficou em 2° lugar, em quatro. A primeira, em 1989. A última em 2022. Com o ex-operário Luiz Inácio Lula da Silva.
O jeito petista de governar traz o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, aumento real do salário mínimo, estabilidade da economia, controle da inflação, queda do dólar, investimentos estrangeiros, redução do desemprego, alta da Bovespa, reindustrialização, Plano Safra, ProUni, Fies, Desenrola, redução da alíquota do IR, vacinação e Estado Democrático de Direito.
PT em Goiás
O PT no Estado de Goiás elegeu, em 1986, Athos Magno e Antônio Carlos Moura à Assembleia Legislativa. Darci Accorsi, 1985, Pedro Wilson, 1988, obtém segundo lugar nas eleições à Prefeitura de Goiânia. Athos Magno e Osmar Magalhães são eleitos em 1990. Darci Accorsi ganha o pleito em 1992, Pedro Wilson no ano 2000 e Paulo Garcia em 2012. Adriana Accorsi disputa em 2024.
As armas da critica
O Partido dos trabalhadores nasce como um partido contra a ordem institucional da ditadura empresarial-militar [1964-1985]. A sua base social se consolidou através da retomada do movimento sindical, das greves dos metalúrgicos do ABC paulista e da educação país afora, dos movimentos sociais contra a carestia, movimentos eclesiais de base, grupos remanescentes das esquerdas e parte da intelectualidade.
O PT assumiu um importante espaço na vida política brasileira pós-ditadura, espaço deixado pelo PCB como partido de massas, e se tornou, ainda que muitos não aceitem, naquilo que verdadeiramente entendemos por partido político, ou seja, possui uma concepção ideopolítica, programa e base social [DUVERGER, 1980]. Nesses 44 anos de existência, sua atuação política o colocou como um dos principais partidos da ordem institucional burguesa, com projeto de fortalecimento e aprimoramento das bases econômicas do modo de produção capitalista, em sua feição periférica e dependente, e da democracia tardia no Brasil.
Finalmente, entendo que o PT ao longo de mais de quatro décadas assumiu a tarefa inconclusa que a burguesia brasileira nunca concluiu, seja pelo seu atraso intelectual, seja pelo patrimonialismo. O PT deixou de ser um partido de esquerda e com frações revolucionárias para se tornar um agente da modernização do Estado, indutor na consolidação da sua liderança regional e inserido na geopolítica. Resta saber qual será o preço história que a classe trabalhadora brasileira pagará.
Fernando Santos
Professor doutor de História da Universidade Federal de Jataí [UFJ]