Presidente da França, Emmanuel Macron
Internacional

Fora, Borne, Macron e a sua reforma

Novo Partido Anticapitalista

Com 9 votos, a censura não foi votada. Estes 9 votos mostram o fraco apoio que o governo tem na sua Assembleia, eleitos por maioria de votos com 12% dos inscritos no primeiro turno. 49.3, 47.1, moção de censura, a ilegitimidade de Macron, seu governo e a Quinta República são totais. Devemos acabar com isso. Mas Macron escolheu o confronto com o movimento dos trabalhadores, suas organizações, e seus direitos democráticos. A repressão, em pleno uso do dispositivo 49.3, as numerosas prisões de jovens são o símbolo disso. Durante as três primeiras noites de confronto, nada menos que 425 pessoas foram detidas somente em Paris…

Brutalidade e ilegitimidade de poder

A indignação provocada pelo uso do 49.3 dá um novo alento à mobilização. Os setores já mobilizados são reforçados em suas ações: paralisações no setor privado, greves de catadores de lixo, em diversos setores da energia (hidrelétricas, usinas nucleares, depósitos de petróleo e refinarias), greves nos transportes, na educação, etc. Bloqueios acontecem nas cidades, assim como manifestações espontâneas diárias. E desde a rejeição das moções de censura, a ilegitimidade e a brutalidade do poder aparecem ainda mais flagrantes. Vimos Borne saboreando sua vitória na Assembleia e depois anunciando que ela mesma tomaria posse do Conselho Constitucional. Assim, depois de ter negado a rua e a socialdemocracia, percebe (um pouco tarde) que a sua reforma pode não estar em conformidade… com a Constituição que, no entanto, serviu os seus interesses e os dos seus amigos durante quase 64 anos.

Ampliar a greve

Para vencer, a única resposta possível continua sendo mais do que nunca a da rua, de uma intensificação da mobilização, com a construção da greve de massas nesta quinta-feira, 23 de março, mas também pela extensão e manutenção da greve. A verdadeira democracia está de fato na mobilização, pelo fortalecimento das assembleias gerais e pela multiplicação das assembleias populares. A manifestação de quinta-feira deve ser ainda mais massiva que a anterior, para demonstrar a determinação popular de vencer. As organizações do movimento operário, do movimento social – sindicatos, associações, partidos – devem contribuir para a construção de uma alternativa ao sistema e discutir uma plataforma de reivindicações para se opor a esse poder: pela retirada da contrarreforma, mas também o retorno da aposentadoria aos 60 anos, para aumentos salariais, para uma transição ecológica, meios para educação e hospitais, para seguro-desemprego, a retirada da lei Darmanin, etc. Reuniões públicas e debates unitários devem se multiplicar para discuti-lo.

Decidir por nós e para nós mesmos

O aspecto totalmente antidemocrático da Quinta República aparece em grande escala. Quem deve decidir? Uma assembleia constituinte sobre as cinzas da Quinta República é preciso eleger as prioridades de uma organização social a serviço da maioria da população e para concretizar uma sociedade desvinculada do capitalismo: o mundo do trabalho e todos aqueles que gestão da empresa deve, portanto, ser capaz de decidir sobre o seu bom funcionamento e organizar-se em conformidade. O alcance da mobilização evidenciou a luta acirrada existente entre as classes sociais, não sendo descartada a possibilidade de a burguesia recorrer a uma solução autoritária. Isso reforça a necessidade de construir a frente unida mais ampla possível em um programa claro. Por tudo isso, o NPA propõe que todas as organizações do movimento operário e do movimento social se reúnam nos próximos dias.

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

Avatar photo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *