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Música dos Pampas A força estranha de Raul Elwanger Artista quer cantar para libertar a esperança com um grito na voz 

Música dos Pampas

A força estranha de Raul Elwanger

Artista quer cantar para libertar a esperança com um grito na voz

Raul Ellwanger

 

E X C L U S I V O

 

Renato Dias

Imortalizada na voz de Mercedes Sosa, ‘ Eu só peço a Deus’, é de autoria de Raul Elwanger. Um cantor e compositor dos Pampas, que iniciou a sua carreira estética e musical no circuito uni­ver­sitário da ‘incendiária’ Porto Alegre. ‘Enragé’, ingressou na VAR-Palmares. Anos de Chum­bo. Uma organiza­ção de luta armada. Contra a ditadura civil e militar. Ele exilou-se no Chile. É testemunha ocular do golpe que depôs o presidente da República, médico de linhagem marxista, Salvador Allende. Em 11 de setembro de 1973. O revolucionário, nas artes, na cultura e na política, fugiu para a Ar­gentina. Depois, exilou-se na França. Até o retorno. Com o advento da Anistia. O artista anuncia, hoje, com exclusividade, que lapida novas canções. Com múltiplos parceiros. Para um espe­tá­culo especial. Programado para o dia 8 de junho. De 2019. É a força estranha que me faz cantar, cita Caetano Veloso, que sentiu o gosto amargo do exílio.

Um dos articuladores da Frente Gaúcha da Música Popular, nos ‘Anos Rebeldes’, chegou a ser finalista no Festival da TV Excelsior, no Rio de Janeiro, em 1968. O ano que não terminou, como aponta o jornalista Zuenir Ventura. A sua composição era ‘O gaúcho’. Em tempo: com uma letra provocativa à ditadura civil e militar que depôs o presidente da República, gaúcho de São Borja, João Belchior Marques Goulart. Veja: ‘pros milicos trago estrago, pro inimigo outro balaço…’ Inventivo, o cancioneiro, em seu exílio, escreveu canções de rara beleza poética e in­venção estética. Como o lamento, quase um choro: ‘O pequeno exilado’. Com a ideia, original, de revelar a perspectiva dos filhos dos exilados que, sem entender nada do que ocorria à sua volta, seguiam os passos dos pais. Mais: ‘Te Procuro Lá’, com a letra de Ferreira Gullar. O seu primeiro disco é pós-Anistia. ‘Teimoso e Vivo’ [1979].  Com as participações de Wagner Tiso, Zé Gomes e Jerônimo Jardim. Em série, a sua discografia é multifacetada e criativa. Com estilo

Perfil do artista

‘Raul Ellwanger’ [1980], ‘Gaudério’ [1984], ‘Portuñol’ [1985], ‘Luar’ [1992], ‘La cuca del hombre’ [1984), ‘Boa-Maré’ [2004] e ‘Ouro e Barro’ [2007]. Como compositor de música para a TV criou o tema principal e a trilha sonora original da novela ‘O Meu Pé de Laranja Lima’ [TV Bandeirantes], e teve músicas incluídas nas telenovelas ‘Sinhá Moça’ [TV Globo] e ‘Um Homem Muito Especial’, ‘Cavalo Amarelo’ e ‘Pé de Vento’, da TV Bandeirantes. Para o teatro, compôs as trilhas sonoras das peças ‘Em farrapos’ e ‘Quarto poder’, de Delmar Marques. As suas canções mais conhecidas são ‘Pialo de sangue’. Com 30 gravações em cinco países e quatro idio­mas. ‘Cigana tirana’, ‘Praia do Rosa’, ‘Eu só peço a Deus’, ‘La cuca del hombre’, ‘Te procuro lá’ e ‘Meu braço de violão’ [com o ícone Paulinho Tapajós]. Já gravaram composições de Raul Ellwanger intérpretes como Elis Regina, Mercedes Sosa, Renato Borghetti, Beth Carvalho, Paulinho Tapajós, Cenair Maicá, além da dupla Pena Branca e Xavantinho. Cáustico, ele atira:

É horrível, hoje, em 2019, a decadência a que o Brasil está sendo levado. Por isso quero cantar. Mercedes Sosa afirmou: Liberta tua esperança com um grito na voz.

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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