75 anos de Honestino Guimarães
Mandados de prisão na UnB em 1968
Contra Lenine Bueno, Paulo Speller, Paulo Cassis, Mauro Burlamaqui, Samuel Babá, José Antônio Prates e Nilson Curado
Ex-presidente da UNE teria sido preso em 10 de outubro de 1973, levado à Brasília, assassinado em dezembro e seus despojos mortais depositados em cidade de Goiás
Betty Almeida
O primeiro filho de Benedito Monteiro Guimarães e Maria Rosa Leite Monteiro nasceu no dia 28 de março do ano de 1947, no município de Itaberaí, Estado de Goiás. Registro: Benedito Monteiro Guimarães chamou o menino Honestino Monteiro Guimarães. História: em homenagem a um tio-avô ilustre. Depois vieram mais dois filhos. Anos mais tarde, a família mudou-se para a recém-inaugurada Brasília, Distrito Federal. A capital da República inaugurada em 21 de abril de 1960 pelo então presidente da República, Juscelino Kubistcheck. Em busca de oportunidades de trabalho para os pais e bons estudos para os filhos.
Honestino Monteiro, que a família chamava Guimarães ou simplesmente Gui, sempre destacou-se nos estudos e demonstrava as suas capacidades de liderança. Ele interessava-se por questões sociais e política nacional. Na UnB, onde ingressou no curso de Geologia em 1965, em 1º lugar geral no vestibular, tornou-se líder inconteste na resistência estudantil à ditadura civil e militar, em Brasília. A comemoração de seu aniversário de 21 anos, em 28 de março de 1968, foi interrompida pela notícia do assassinato de Edson Luís Lima Souto, durante repressão a uma manifestação estudantil no Restaurante do Calabouço, no Rio de Janeiro.
O enfant terrible foi eleito presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Brasília. Quando: em 1968. Ele estava preso. A UnB chegou a ser invadida por forças policiais para cumprir mandados de prisão contra ele e os estudantes Lenine Bueno, Paulo Speller, Paulo Cassis, Mauro Burlamaqui, Samuel Babá, José Antônio Prates e Nilson Curado. Com o AI-5, prisão preventiva decretada e sem possibilidade de habeas corpus, teve que deixar o DF e refugiar-se na clandestinidade, em São Paulo. Por fim, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde acabou preso em 10 de outubro de 1973. A mãe e os irmãos procuraram-no incansavelmente.
Lenine Bueno Bruxelas – 1978
O ex-presidente da UNE continua a ser um símbolo inspirador para os que lutam por um futuro melhor à Humanidade. Por justiça social e democracia. No Brasil de hoje, assolado pela presidência de um inepto preocupado apenas com usufruir de privilégios em troca de benefícios às classes dominantes, a sua memória anima os que o conheceram e impulsiona os que compartilham seus ideais, ainda vivos, como eram para ele. As circunstâncias de seu desaparecimento forçado, 49 anos depois, ainda não foram esclarecidas. Nunca foi visto na prisão por presos políticos. Há indícios de que foi trazido para Brasília e foi assassinado em dezembro de 1973. Seus despojos mortais teriam sido depositados em uma cidade de Goiás.
Para conhecer mais sobre a história acima, leia
Paixão de Honestino, de Betty Almeida, Brasília, Editora UnB, 2016