Política

Mundo do trabalho e prisão

“O trabalhador ‘sente-se em casa quando não trabalha e quando trabalha não se sente em casa’” [Ricardo Antunes, 2008, p. 146]

Chico Buarque

Antônio Lopes

A contemporaneidade disponibiliza possibilidades precificadas a ego e consumo. Nela a vida ultra modernizada retrata-se trespassada por classes sociais marcadas a concretude e abstracionismo, trama, caos e violência. O esqueleto em metal da produção de bens e tragédias, duráveis ou não, estrutura facilidades viciantes perfiladas pela tecnologia de ponta a qual separa em dois ou mais lados a elite daqueles submetidos à ditadura do mérito, inacessibilidade aos direitos constitucionais, formação presencial, três ou mais refeições diárias.

A contar na ponta dos dedos as potencialidades do trabalho vivo se mostram acuadas pela força motriz e a velocidade do trabalho morto. A estratégia do capital direciona a ação econômica travestida em manipulação das minorias pela política de guerra concorrencial, a remuneração mínima, o empreendedorismo da própria miséria. O fato recai e reifica a cultura, consequentemente, as formas laborativas das forças produtivas. O ato lúdico de criar e desfazer, inventar novos arranjos no mundo do trabalho em busca pela sobrevivência mal alimenta os dias conjunturais, subjuga à política de favores a coletividade apartada da concretude de seu suor derramado ao forjar, tempos próximos atrás, a terra por intermédio da lâmina do arado.

Há uma espécie de empregabilidade efêmera a promover não o ser humano mas a orfandade de direitos alcançados, banalizados enquanto alicerce social pela imposição do impulso enquanto controle social tocado a dedos na máquina eletrônica a disponibilizar a internet como a feira moderna ‘livre e globalizada’. À distância o mercado se propõe e impõe o modo incessante que possibilita comprar, vender, produzir, trocar, realizar todo tipo de serviço e transação imaginável ou não, espécie de roda-viva a fazer mover incessantemente a paranoica situação pós-moderna amenizada no balcão da farmácia, no consumo a crédito, na fome trocada pela dignidade, a pedra, pó e erva, álcool e outras facilidades.

As ‘maravilhas aparecidas’ na janela da Era Pós-Tudo, explicada pelo norte-americano Eric Hobsbawm, denuncia-se mais que moderna, desdobrada na vitrine das iniquidades praticadas contra o Planeta no qual mais parece que Deus e o Diabo guiam um povo cegado pela crença na salvação a conta-gotas da dizimação da humanidade. O gozo do consumo efêmero produz o bônus o advento da morte esquecida dos alienados ao sistema, modo de produção e consumo perpetuar a escravização da classe-que-vive-do-trabalho. A condição existencial conjuntural reifica e aliena, transforma em fetiche a ideologia da cristandade acrítica. O analfabetismo funcional perpetua a ontologia condenada à barbárie, fome, violência, pobreza generalizada.

Tais rearranjos lucrativos comprovadamente perniciosos impõem ao coletivo submetido ao fluxo o efeito manada, incapaz de impulsionar questionamentos sociológicos com relação à situação do trabalhador aviltado, peça humana descartável na sua dignidade manipulada pela novas máscaras do capital, dessa vez, esboçado na trama da plataforma, dissecada na coletânea organizada pelo professor titular de Sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp-SP, Ricardo Antunes em 19 artigos de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, parceria da Unicamp com o Ministério Público do Trabalho (MPT). O sistema do lucro virtual movido por relações digitais traz à tona escombros do circo consumista imparável, capaz de vender ‘de tudo’ na mais Nova Era das necessidades humanas básicas e direitos transformados em mercadoria, acesso, especulação.

De compreensão atabalhoada com relação a múltiplos significados do universo laborativo desenvolvido nessas plataformas digitais a mais-valia absoluta é incorporada por setores produtivos impensáveis ao Taylorismo que desaguou no Fordismo transformado em Toyotismo e Volverismo. Os muitos ismos inimagináveis são perpetuados por figuras grotescas, narcisistas e frias tais Elon Musk, em signos sem local nem patrão a exemplo da Amazon. A alucinação incessante promove os trilhardários globalizados, novos ianques das Novas Grandes Navegações a vender de bugigangas descartáveis a vacinas e artefatos de guerra, o que inclui as muitas guerras e alguma fagulha, faz de conta de paz encenada pela ONU e outras instituições fantoches ocidentais.

Michel Temer

A imposição do trabalho terceirizado por parte do grande capital financia o desmonte de direitos. No caso do Brasil, fomentado a capitalismo tardio foi alavancada na gestão Michel Temer (2016-2018). Essa realidade socioeconômica anuncia o termo ‘uberização do trabalho’, explanada pelo professor Ricardo Antunes, sendo outra derivação da plataforma de transportes Uber. O termo tem relação com o processo de indução da massa proletária às relações de trabalho individualizadas, minimizadas no assalariamento e exploração cada vez mais encobertos pelo contrato temporário, o empreendedorismo. Impera a generalização e espraiamento das características estruturantes da vida de trabalhadores periféricos que transitam por sua própria história, contada por meio da instabilidade generalizada, tendo como causa a ausência de identidade profissional e a insegurança do emprego.

A proteção e garantia do labor segue implementada como ferramenta expropriadora da própria força de trabalho, dessa vez, manipulada por corporações globais e intensificada no advento da pandemia COVID – 19 que assolou a Terra entre os anos apocalípticos de 2019 e 2020, catarse ainda em curso. Resultante e resultado das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) a expansão de um sem número de aplicativos desenvolve e amplia de modo exponencial o Infoproletariado conhecido ainda por Ciberproletariado (ANTUNES & BRAGA 2009). O conceito ‘Uberizado’ apresenta ao trabalhador a ‘Indústria 4.0’ sugere a ampliação dos processos produtivos mais automatizados e robotizados que finalizam na cadeia de valor controlada digitalmente.

Coronavírus Covid 19
Coronavírus Covid 19

Para Ricardo Antunes e Rafael Grohmann (2020, Cap. 1 e 6), este processo “vem produzindo um vilipêndio em relação ao trabalho, destruindo a separação entre o tempo de vida dentro e fora dele, originando uma ‘escravidão digital’” (ANTUNES, 2018). Evidenciada no papel da classe-que-vive-do-trabalho em ‘parceria’ com e para as plataformas, a evidência da super exploração é retratada no ato diário e incessante de permanecer longas horas do dia ‘on-line’ a fim de fazer renda que possa caracterizar um naco mais que a insuficiência, abaixo das condições mínimas de labuta em prol da sobrevivência. O retrato sociopolítico econômico pós-COVID define em partes o vilipêndio da Categoria Trabalho trespassado pela equivocada noção de ‘Parceria’ por parte da massa laborativa.

O engodo é largamente empregado pelas tecnologias, algoritmos e inteligência artificial canalizados para o lucro das empresas de caráter onipresente. Persiste a automatização da supervisão e controle disciplinar imposto por meio de horas, plataformas e metas à classe trabalhadora. As parcerias abarcam mesmo o segmento das ‘empregadas domésticas’ elevadas à categorização de colaboradoras pagas a ‘hora em pé’ e tarefa realizada. Essa realidade e modalidade a retratar a Era Pós, anunciada por intermédio do trabalho digital, a cargo de empresas digitais cobra pelo anúncio da disposição e diária remunerada da ‘empregada doméstica’, que paga comissão percentual pelo trabalho alcançado, incerto e descartável, ao largo das regulações contratuais, ou seja, “trabalho assalariado em prestações de serviços” (SILVA, 2002).

Assim, o mosaico de realidades define no cume um amiudado de ricos e por consequência o alargamento de miseráveis acuados à base da pirâmide social. Só os pobres escravizados e reificados pela própria pobreza, definida já no berço. A outrora definida ‘informalidade’, esvaziada, traveste-se na ‘flexibilização, terceirização, desregulamentação’ da empregabilidade humana sustentada na promoção de Direitos Humanos constitucionais atravessados pela guerra econômica retratada no empreendedorismo de exploração capitalista (SILVA, 2002). Essa forma oculta o trabalho assalariado ‘independente e autônomo’ da classe trabalhadora, sob o véu da liberdade ilusória.

O escravizado moderno é travestido em empreendedor de si enquanto proletário em sua condição socioeconômica, política e função, capaz de assumir riscos e arcar com custos da operacionalização do serviço prestado por ele mesmo. A mascarar as contradições ideológicas de classes produzidas pelo capital, essa fase do fenômeno econômico evidencia diferenças retratadas naquele trabalhador ‘quase-burguês e auto explorado’ pelo próprio trabalho. Ele passa a transformar algo, alguém e alguma mercadoria em mais mercadorias. Na sua grande maioria produtos descartáveis para o Planeta que vive um tempo real e aflito caracterizado por esses ‘icebergs à deriva’, assim definido pelo professor sociólogo Ricardo Antunes (Unicamp – SP).

Estruturadas na ‘força dos laços fracos’, segundo Granovetter (1973), as formas passageiras de associação substituem à ponta dos dedos as ligações de longo prazo, a qualidade da produção, submetem ao efêmero ‘Novo Aeon’ o Mercado Global. As relações sociais ‘duráveis e sustentáveis’, até poucas décadas, expunham conglomerados de exploração fordista-capitalista centrado nas marcas Volkswagen, Chevrolet, Ford. Ao tempo do trabalho moderno, tarefa realizada a curto prazo, aparece a não necessidade de idioma único, o ambiente de trabalho ou chão de fábrica afastado da origem, a vida assalariada pela incoerência das relações sociais e trabalhistas asseguradas no já quase extinto sindicato. O argumento advindo de dilemas da flexibilização do trabalho expõe a proposta do ‘capitalismo flexível’ (SENNET, 1998), diz respeito à exigência imposta ao trabalhador para que seja ágil, aberto a mudanças de curtíssimo prazo que induzam a riscos ascendentes em detrimento da segurança ao labor, assim assegurado em leis e procedimentos formais.

A economia do Brasil em 2023

Essa dinâmica fomenta a Condição Pós-Moderna, conceito trabalhado por David Harvey, ao impor o trabalho forçado e abortar a vida privada por meio da disciplina inescrupulosa e da ética e moral focadas na mais-valia. O quadro de guerra torna a força de trabalho reserva humana-industrial, alimenta o mercado esquálido no qual o labor e a vida deixaram de ser programados, adequados às tramas do capital transnacional. Inexiste o longo prazo, tornado opção obsoleta advinda dessa sanha capitalista pela gestão que reduziu o trabalhador a um simples fator da produção, descartável, peça e ferramenta a ser utilizada-descartada.

O trabalhador é submetido à multifunção estrutural, encontra disponibilidade esboçada no trabalho estranhado, sobrevive à remuneração mínima. A substituição laboral se dá pelo viés da força de trabalho excedente em situação sociopolítica análoga à Nova Escravização da Era Moderna em função da demanda do dinheiro que impõe ao homem, além da fome, a vulnerabilidade social e a cruz pesada do trabalho voluntariado. As empresas transformadas em mediadoras da oferta e procura alimentam os meios de controle e gerenciamento dessa superexploração que redistribui, redefine valores pagos não mais ao trabalho contratado, alinhavado a direitos constitucionais estabelecidos, mas na possibilidade do mérito pessoal enquanto colaborador-empreendedor de si e sua miserabilidade, que presta serviços ocasionais por conta e empreendimento seus.

O contraponto do trabalho expõe o ‘não trabalho’ enquanto façanha conjuntural assim exposta pelo antropólogo Mariano Perelman, já em 2014. Essas definições são historicamente carregadas de sentidos objetivos e subjetivos, valorados ou não, enquanto tarefa em si. Algumas atividades são mais legitimamente consolidadas, outras, exploradas pelo fantasma da plataforma, os tais icebergs à deriva, zona cinzenta do trabalho acuado pelo não trabalho. O saldo psicossocial de mais essa articulação capital e trabalho, no século XXI, resulta na impactação das pessoas e suas relações, nas instituições, em modos de vida transformados no aprisionamento existencial, fenômeno assegurado nas crises pontuais, por consequência, as suas comorbidades. A forçar o trabalhador ao status da precariedade as empresas também operam precariamente suas plataformas enxutas.

A trama imposta e seu quadro funcional dão cor e peso às ilusões inter-relacionadas esboçadas no controle a partir da dependência da coleta de dados. Por meio da ilusão a liberdade dos ‘parceiros’ induz a rotinas gerenciadas, remetem ao ‘espetáculo da autoridade’ garantida, não por chefes imediatos, mas pela Sociedade do Espetáculo, retrato social globalizado esboçado pelo marxista Guy Debord. A sociologia do trabalho, tanto no sentido das condições históricas disponibilizadas quanto na experiência subjetiva e insegurança vivida, define em partes, pressupõe o ‘precariado’ enquanto nova classe social, conceito categórico adotado pelo economista do trabalho britânico Guy Standing, por volta de 2011. Essa ferramenta gerencial de perfil neoliberal manipula as massas assalariadas inseridas através de atividades desprovidas dos direitos, estabilidade, garantias. Este processo dinâmico, assim como a renda, ora amplia, ora reduz o coletivo historicamente munido de força, resistência, revolta e organização enquanto massa de ‘sobrantes’ à base da pirâmide social.

Os novos tempos modernos, assim apresentados no Cinema, por Charles Chaplin, apontam a importância da tecnologia na elaboração da ‘natureza do trabalho’, na vez e conjuntura do ‘paradigma digital’. A ligação quase rompida entre tempo e distância permitiu que a questão geográfica fosse quase superada enquanto condição concorrencial entre os trabalhadores de todo o Mundo. Na contramão e no lugar desse advento, a máxima de Karl Marx sugere que ‘Proletários de todos os países, uní-vos!’. Assim descrito no Manifesto Comunista, em 1848, por Karl Marx e Friedrich Engels, a diminuição do poder de barganha, a cada dia e guerra, crise e epidemia globalizada, em um Mundo empreendedor que enquanto alimenta a conta-gotas o precariado, enriquece na mais-valia a burguesia, empodera a riqueza, adula por intermédio dos mínimos sociais a parte mais baixa e vulnerável da organização social retratada a fome e violência banalizada.

Karl Marx

A massa de manipulação do eleitorado, já na sua base, mal dorme, sem saber quando, quanto e o que comer. Definitivamente essa anomalia moderna “não será a loucura, a anacronia absoluta de nosso tempo, a disjunção de toda contemporaneidade de si, o dia velado de todo presente”, de acordo com o filósofo argelino Jacques Derrida, em 2000. Lógica desigual a caminhar por entre máquinas e tecnologias a realidade não cria riquezas, as potencializa, consciente de que o trabalhador e a categoria trabalho não esgotam ou acabam. As novas formas de associação, sindicalização, organização de trabalhadores visam contra-atacar as narrativas empresariais e vilipêndios aos direitos adquiridos, a mais nova desregulamentação trabalhista. A ‘inovação’ atravessa o campo político, marcos regulatórios legais desfavoravelmente às demandas e exigências dos trabalhadores.

A assimetria entre as forças capital e trabalho não é um processo inexorável, resulta da assimilação, negação da narrativa, produção e trabalho resultados no modo de produção capitalista livre e distanciado da crítica e consciência de classe em tempos efêmeros movidos a selfie, banalização da violência, advento das fake News. A abordagem determina e é determinada por conceitos que adentram às análises etnográficas, ao direito ambiental, do trabalho; cadeia de automação; trabalho digital em bancos e outras instituições; à questão de saúde laborativa; ‘Walmartização’, Transnacionalização, Ciberativismo e Sindicalismo. A multiplicidade de abordagens e formas do capitalismo de plataforma interfere nos processos produtivos atuais, demanda rediscutir a história, repensar a maneira pela qual o homem devasta ao invés de transformar partes da natureza em prol da plena sobrevivência.

Ao explorar questões mais atuais e originais referentes a este universo incessante, urge extrapolar a proposta da consolidação dos debates por vias das ciências sociais contemporâneas, adentrar ao campo filosófico-político alheio apesar dos dias conjunturais vividos pelo Planeta Terra. Os herdeiros donos da terra continuarão a tocar berrantes, milhões de muitos irão empurrar a fome em vida, neste lugar e tempo no qual a grande maioria sofre do complexo de manada. A conjuntura de caos instalado remete a reflexões trazidas pela Comuna de Paris (1871) sobre a importância de resgatar o sentido público da vida, do Estado e do Mundo. Ao optar por entre um naco de Humanidade ou o consumo desenfreado, o ex-presidente uruguaio José Alberto Mujica Cordano aconselhou sua práxis de consumo: “Quando vai comprar algo, não paga com dinheiro, paga com um tempo de sua vida que teve gastar para ter esse dinheiro.”

A conjuntura exige o fim da guerra tramada. A liberdade de expressão disfarça, atrelada ao advento da Era Pós e advento das fake News. O acesso ilimitado aos Direitos Humanos, mesmo nas suas diversidades, exige a reflexão com relação aos profetas da modernidade. À luz da dignidade de ícones históricos o Brasil reflete com Dom Helder Câmara: “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto o porquê de eles serem pobres, chamam-me de comunista” (1909-1999). Alguma humana idade deverá abrir janelas às humanidades apartadas pela tecnologia forçada, afinal, ‘ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais’ (Belchior, 1976).

A Internacional Comunista

Antônio C. M. Lopes, filósofo; professor; escritor; revisor; autor; mestre em Serviço Social; doutor em Ciências da Religião/PUC-Goiás; pós-doutor em Direitos Humanos/UFG; @antonio.c.m.lopes

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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