Os intocáveis
“Um horror”
Declaração do ex-ministro da Cultura Juca Ferreira a www.renatodias.online
Renato Dias
Servidores públicos uniformizados com a missão Institucional de garantir a segurança dos cidadãos. PMs não possuem alvarás, nem mandados ou mesmo licença para invadir casas, torturar as pessoas, instalar o terror. Não é o que ocorre em Guarujá. A Operação Escudo deixa um rastro de sangue. Com 19 mortes suspeitas. Crimes que obtém o aval torpe de Tarcísio de Freitas [Republicanos], atual governador do Estado de São Paulo.
Ajudem-me, ele grita. Socorro, em sinal de desespero. A tortura abatia em câmera lenta o seu corpo frágil. Vendedor ambulante, de 30 anos de idade, saiu de casa para comprar comida e cigarros. Já no meio do caminho homens da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar [Rota]. Àvidos por vingança. O emparedado não era o responsável pelo crime que eles queriam punir. Sem terem o poder atribuído ao Judiciário. Felipe Vieira Nunes, o seu nome. In memorian.
Mais: fardados, com capuz na cabeça, para impedir uma eventual investigação posterior, portas das casas arrombadas, os habitantes agredidos e exigências de supostos nomes, informações e até armas. As cenas já duram dias intermináveis. Em tempo: o Palácio dos Bandeirantes quer invasão de um mês. Para deixar um cenário de Terra Arrasada. A ser usado como modelo. Em favelas. Fascista, o lema parece ser “crime sem castigo”.
Favelas sitiadas. Memória: modus operandi executado no Rio de Janeiro. Sob o general Braga Netto. Ano da morte a sangue frio de Marielle Franco e de Anderson Gomes: 2018. Um duplo homicídio sem elucidação. Muito menos punição judicial. Para manter, hoje, a velha cultura da impunidade. Herança dos tempos sombrios da Vala de Perus, em São Paulo, com 1.044 sacos plásticos: 1.039 de vítimas do temido Esquadrão da Morte [EM].
O que pensa a Academia
Renato Dias
A perspectiva política do fascismo é sempre a mesma: a violência contra os adversários e a aversão aos pobres. Ácida, a análise é do professor doutor da Faculdade de História da UFG, David Maciel. Com a inelegibilidade de Jair Messias Bolsonaro [PL], Tarcísio de Freitas [Republicanos] reposiciona a sua imagem para herdar os votos do ex-inquilino do Palácio do Planalto, explica o docente. Para ser um contraponto às esquerdas.
Nascido no Peru, o professor doutor de Sociologia, um especialista em DH [Direitos Humanos], da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, Carlos Ugo Santander vê a repetição das insanidades de Jair Messias Bolsonaro em um conto de horror de Tarcísio de Freitas no Estado de São Paulo. A sua gestão será a continuidade de loucuras do seu padrinho promovidas no Brasil de 2019 a 2022, atira o pesquisador da violência na América Latina.
Professor doutor em História do Instituto de Estudos Sócio – Ambientais IESA], Romualdo Pessoa Campos Filho, um marxista, admite, hoje, estar desconfortável em abordar a violência da Polícia Militar de São Paulo, com alto grau de letalidade, sem referir – se à PM do Estado da Bahia, controlada pela Federação Brasil da Esperança [PT, PV, PC do B, PSB], de esquerda. As PMs estão fora do controle da sociedade civil, desabafa.
O professor doutor em Filosofia, Wilame Gomes de Abreu, vê a naturalização da violência como uma distorção do paradigma político anglicano. Cuja vitalidade avança com nazistas e fascistas nas três primeiras décadas do século 20, observa. “Adeptos do fascismo quanto de Jair Messias Bolsonaro adotam a mesma narrativa”, afirma, hoje, o intelectual. Um comportamento que leva à morte da política, avalia o filósofo.
O presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, com sede em Porto Alegre [RS], Jair Krischke, doutor Honoris Causa, da Unisinos, parafraseia Barão de Itararé. “De onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo”. Ele dispara com sarcasmo ao cinismo do atual governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas [Republicanos], após a chacina no Guarujá, litoral. Sem número exato ainda de mortos. Adepto do fascismo, diz. Repúdio, frisa.
Raio X
Tarcísio de Freitas
Nascido no Estado do Rio de Janeiro, Tarcísio de Freitas possui o pensamento à época da Guerra Fria [1945-1991] e ainda na Ideologia de Segurança Nacional. Com foco no inimigo interno. Veja: com graduação na Escola Preparatória de Cadetes do Exército.
É formado na Academia Militar das Agulhas Negras, a AMAN, assim como também obteve o diploma do Instituto Militar de Engenharia. O oficial das Forças Armadas concluiu o seu curso de mestrado na mesma instituição de ensino militar.
Ele integrou a suposta Missão de Paz, sob o controle da Organização das Nações Unidas [ONU], em 2006, no Haiti, que é o país mais miserável da América Latina. A Operação foi uma máquina de moer negros, pobres, além de favelados. Uma tragédia. Um laboratório.
O que é a Rota
A Rota é treinada para matar. Não faz uma investigação. Nos marcos do Estado de Direito. Sob o espírito de vingança, ela atira primeiro e nem pergunta depois. Com i aval do atual governador do Estado, Tarcísio de Freitas, ela protagoniza também chacina.
A cultura do fascismo
Mais: programas de Tv, rádio, internet, jornal e informações que circulam, sem freio, nas redes sociais, com a cultura do fascismo, de violação dos direitos humanos, constituem, sim, um prato cheio para políticos nocivos atraírem eleitores que adoram sangue alheio.