Nacional

A espada da condenação

TSE, 22 de junho de 2023

O destino do Messias

Renato Dias 

_ O presidente da República, Jair Messias Bolsonaro [PL], será preso, na Papuda.

De 2022, a previsão formulada é do coronel de Artilharia do Exército Brasileiro [EB], Jean Lawand Júnior. Em um diálogo aberto com o tenente coronel e ajudante de ordens N°1 do Palácio do Planalto Mauro César Barbosa Cid. Os dois faziam parte da conspiração. Para destruir o Estado de Direito. No Brasil.

Jean Lawand bate continência a Braga Neto – Reprodução

Brasília [DF], a capital da República, no dia 18 de julho de 2022, no Palácio da Alvorada, com transmissão ao vivo da Tv estatal Brasil A estrutura é da União. Recursos do erário. O então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro [PL], reúne embaixadores. De 70 países. Para atacar STF, PT, as urnas do TSE.

Jair Bolsonaro reúne-se com embaixadores – Inelegibilidade

Sessenta dias. É o prazo máximo. Para o término do julgamento, que se inicia, hoje, dia 22 de junho de 2022, na corte, de Jair Messias Bolsonaro. O tempo estabelecido pelo presidente do TSE, Alexandre de Moraes, mesma medida adotada no STF, dificulta o adiantamento da decisão.

O projeto era promover um novo golpe de Estado civil e militar no País, com anulação das eleições à presidência da República de 2 e 30 de outubro, de 2022, estabelecer ainda as Forças Armadas como Poder Moderador, executar uma intervenção no TSE e prender até o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

Alexandre de Moraes

Derrotado nas urnas eletrônicas, domingo, do quente 30 de outubro de 2022, uma data histórica para a democracia, Jair Messias Bolsonaro [PL] e a sua entourage iniciam o planejamento estratégico. Para impedir a posse do eleito Luiz Inácio Lula da Silva [PT]. A subida à rampa de 1° de janeiro de 2023.

O Brasil sobe a rampa em 1º de janeiro de 2023

O homem-bomba de 8 de janeiro de 2023 é hoje o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid. História: o oficial já havia sido nomeado comandante do 1° Batalhão de Ações de Comandos [BAC]. Uma unidade do Exército Brasileiro que é subordinada ao Comando de Operações Especiais [COpEsp], Goiânia.

O 1°BAC e o COpEsp, sediados a 190 km de Brasília [DF], a capital da República, são formados por pelotões de elite do EB. Mais: oficiais especializados em ações de risco e inteligência e também de contrainteligência, sabotagem, infiltração, incitação à revolta e até terror de Estado. Como as três últimas.

Primeira, 12 de dezembro do ano de 2022. Com o quebra-quebra que incendiou Brasília. Segunda, a de 24 de dezembro. Veja: com a bomba encontrada em um caminhão de combustível, além dos ataques a Torres de Energia. Terceira, o ataque e destruição da sede dos Três Poderes da República. No DF.

Com a crença na impunidade, o extremista de direita George Washington Oliveira Sousa preparou-se para dar um tiro, no dia primeiro de janeiro de 2023, à subida antológica da rampa de Luiz Inácio Lula da Silva [PT]. Com um fuzil especial para longa distância. Ele fazia treinos com armas e caçava instrução.

Caos em Brasília, 8 de janeiro de 2023

Obras de inestimável valor estético, histórico e cultural foram vandalizadas por adeptos de Jair Messias Bolsonaro, que estava nos EUA, no dia, no putsch fracassado. Como de Di Cavalcante, Bruno Giorgi, Jorge Eduardo, Frans Krajcberg. Relógio, de Baltazar Martinot. Muro Escultórico, de Athos Bulcão.

Cinco horas de terrorismo em Brasília

Os prejuízos financeiros acumulados com as destruições das três sedes oficiais, pelo terror, do Supremo Tribunal Federal, Palácio do Planalto, Câmara dos Deputados, assim como o Senado da República, no Congresso Nacional, ultrapassaram os valores de R$ 21 milhões. Absurdo: dinheiro público. Do erário

Flashback

O deputado federal Eduardo Bolsonaro, em tom de bravata, em 21 de outubro de 2018, antes da realização do segundo turno das eleições presidenciais e da posse do seu pai fuzila que bastariam apenas um cabo e um soldado para fechar as portas do Supremo Tribunal Federal, o guardião da Constituição.

_ Acabou, porra!

Em 28 de maio de 2020, sob a Pandemia, sem o decoro exigido ao cargo, Jair Messias Bolsonaro dispara ácidos ataques tanto ao Supremo Tribunal Federal [STF], assim como ao Tribunal Superior Eleitoral [TSE]. O último, o guardião do moderno sistema das urnas eletrônicas no Brasil. Uma referência global.

Não era o primeiro. Nem seria o derradeiro. Antes, Sara Winter, com tochas acesas nas mãos, liderou gatos pingados, uma suposta Marcha dos 300 na porta da corte suprema. Veja: antes teria conversado com o general do Gabinete de Segurança Institucional [GSI], irascível Augusto Heleno. Velho conspirador.

Sara Winter

Ele havia sido ajudante de ordens do então ministro da Guerra, Sylvio Frota. O oficial que rotulava Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva de comunistas. Mais: queria impedir a abertura. Distensão lenta, segura e gradual. Acabou exonerado: 12 de outubro de 1977. Isolado, sem tropas, nem armas, em Brasília.

Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva

Herdeiro da tradição torpe de intervenção das Forças Armadas [FA] para a ruptura da legalidade e da democracia, Augusto Heleno repeliu determinação do STF. Qual? Para que a Polícia Federal apreendesse, para uma perícia, dois aparelhos celulares. O de Jair Messias Bolsonaro e de Carlos Bolsonaro.

Augusto Heleno – Poder 360

Nota do ministro do Gabinete de Segurança Institucional [GSI] diz que a “atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os Três Poderes e poderá ter consequências para estabilidade nacional”. O comunicado frisa que eventual apreensão do celular é “inconcebível” e uma “afronta”.

Eduardo Villas Bôas
Eduardo Villas Bôas

Ideólogo da extrema direita na caserna, com a psique até hoje, século 21, na Guerra Fria [1945-1991], o general Eduardo Villas Boas, à época comandante do Exército Brasileiro [EB], publicou uma mensagem no Twitter. Uma big tech. Com um recado. De elevado teor explosivo. Já no dia 3 de abril de 2018.

Lawfare e os EUA

Uma ameaça explícita e até pornográfica de funcionários públicos fardados e de armas nas mãos. Com a missão de defesa das fronteiras nacionais. Os onze ministros da suprema corte julgariam 24 horas depois um Habeas Corpus para Luiz Inácio Lula da Silva [PT]. O líder isolado. Das pesquisas.

Luiz Inácio Lula da Silva em dois momentos históricos

Calendário da Lawfare. Do dia 4 de abril de 2018. Day after. Após exaustivas onze horas de discussões sai a decisão A concessão do Habeas Corpus é rejeitada pelo plenário. Por 6 a 5. O juiz de Curitiba [PR] decreta a sua prisão. Ele não disputará a sucessão e ficará 585 dias na cadeia da Polícia Federal.

Alvorada _ Dilma Rousseff

Um festival de ameaças de golpe de Estado civil e militar foi desfiado entre os “tempos sombrios” no País de 2018 a 2023. Depois da deposição pós-moderna, no ano de 2016, da presidente da República eleita, em 2010, e reeleita, em 2014. Memória: golpe político, sem armas, travestido de um impeachment.

Steve Bannon

Sob a orientação de Steve Bannon, o guru de Donald Trump, republicano de ultradireita, e até de Giorgia Meloni, premier da Itália, Jair Messias Bolsonaro passa a metralhar as urnas eletrônicas. Motivo: alegação era a da possibilidade, inexistente, de fraude. Teoria da conspiração. Sem base em dados reais.

No exercício da Presidência da República, ele usou a estrutura da União, com recursos do erário, reuniu embaixadores estrangeiros no Brasil para lançar infundadas suspeitas sobre o sólido sistema eleitoral. Um abuso de poder político. Fake News para manter acesa e mobilizada sua “bolha de adeptos”.

O julgamento no TSE

O TSE iniciou, hoje,  dia 22 de junho o julgamento de Jair Messias Bolsonaro. Aos 68 anos, hoje em 2023, ele poderá ficar inelegível por oito anos consecutivos. O que significa ficar fora das disputas em 2026 e 2030. Em 2034 terá 80 anos de idade. Não é um obstáculo para quem afirma possuir um perfil de atleta.

A cara da derrota

O TSE é a primeira etapa. Pandemia: 700 mil mortos. Auschwitz Yanomami. Genocídio. Tentativa de abolição violenta do Estado de Direito. Formação de quadrilha, falsificação ideológica e o desvio de recursos públicos. O aparelhamento da PF e até da PRF, rombo e maquiagem fiscal. Razões para cadeia?

David Maciel, professor doutor, da Faculdade de História da UFG
Paulo Henrique Costa Mattos, historiador, sociólogo, mestre da Universidade de Gurupi, Tocantins
Fernando Safatle, economista
Francisco Celso Calmon, ativista de direitos humanos e influencer
Fernando Casadei Salles, professor doutor aposentado da Uniso [São Paulo]
Rosemar Cardoso Maciel, marxista

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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