A grande fraude
A grande fraude
Francisco Celso Calmon
Se houvesse fraude no sistema eleitoral, significaria que há 20 anos os eleitos são ilegais, portanto, a institucionalidade estaria conspurcada e o mandato do genocida e de seus bastardos seria espúrio. A irresponsabilidade da família do genocida chega às raias do ridículo e afronta à inteligência política e à responsabilidade para com a pátria. Chega a ser uma zoação com os ocupantes das instituições democráticas.
A essa famiglia se junta o candidato a vice de Bolsonaro, general Braga Neto, que se diz falar em nome das Forças Armadas e afirmou recentemente, segundo coluna do O Globo, que “sem auditoria não haverá eleições”. Quem ele se julga para fazer tal e descabida ameaça? O sistema de apuração é auditável e o partido patrocinador dessa chapa de gorilas, saudosistas dos seus ancestrais da ditadura militar, pode fazê-la.
O que as FFAA não podem é respaldar blefadores que, à revelia da legislação, desejam que os militares ditem resoluções para o TSE, assim como não cabe ao Judiciário dar ordem unida nos quartéis. Um grupelho de Zeros, comandado por um capitão expulso do Exército e um general fracassado no combate ao crime no Rio de Janeiro, a pregar a insurgência ao sistema eleitoral! Os militares não são preparados para fazer política, nem para fazer segurança pública (lembremos do músico Edvaldo assassinado e cujo carro recebeu 62 tiros), e estão mal preparados para cuidar das nossas fronteiras.
O golpe de 64 foi uma fraude, o governo bolsonarista tem sido outra falcatrua. É preciso estancar a verborragia atentatória ao Estado de direito dos bufarinheiros do Brasil, dos mercadores da democracia, dos neonazifascistas. Calem-se, são muitas asneiras proferidas, os ouvidos dos brasileiros não são pinicos de caserna, mudem o disco arranhado, se voltem para a defesa da pátria, em vez de entregá-la a preço vil. A grande fraude existente no país é o governo dos trogloditas desta tragédia brasileira!
A culpa do desemprego, da miséria e da metade da população estar em insegurança alimentar não é da Covid-19, é, sim, da maneira como enfrentaram a covid e da gestão da economia. Antes da pandemia já havia 13 milhões na miséria. Em 3 anos triplicou. A forma dolosa do negacionismo, da retardação para aquisição das vacinas, do curandeirismo sistemático de indicar remédios sem comprovação científica, dos anti-exemplos no uso de máscara e do álcool gel, a ponto de ser barrado no hotel dos EUA e ser obrigado na ONU e na Rússia a usar a máscara, é o conjunto do enfrentamento à Pandemia, na qual a preocupação não era com a vida, mas com a economia. Cometendo a boçalidade de achar que sem vida há economia, isso não foi apenas aqui, mas no mundo do sistema capitalista.
Além dessa aliança objetiva com o coronavírus e com as indústrias farmacêuticas dos remédios que propagandeava (hidroxicloroquina, ivermectina), a ponto de o laboratório do Exército ter produzido quase 800 mil doses inócuas de cloroquina às custas do erário, não desprezar o conjunto ideológico de que esses facínoras são adeptos, como a eugenia, o malthusianismo e o darwinismo social. Não teve coragem, audácia e comprometimento com a vida do povo, para instituir um imposto extraordinário dos mais ricos para custar o combate à pandemia, com auxílio substancioso ao povo carente.
Somente no início do processo eleitoral, por razões óbvias de oportunismo, o governo bolsonarista e o Congresso estão, com possível desvio de finalidade, pela liberalidade que pode ser extraída do “estado de emergência” em período eleitoral. A situação pandêmica e de desemprego já esteve pior, por que antes não foi cogitado um estado de emergência semelhante ao proposto agora? Significa que antes havia necessidade e foi negligenciada? Se sim, de quem é a responsabilidade? Se não, a necessidade também não se faz no presente, e não passa de embuste, uma armadilha, uma banalização do expediente excepcional.
E a PEC eleitoreira, que contou com a parceria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (aliás, já repararam como tem uma cara de peixe morto ou peixe-boi?), tem data de validade, até dezembro. Será que depois a situação da miséria, da insegurança alimentar, do desemprego, deixará de existir? As medidas propostas são analgésicas e bandeides para curta duração. Há uma catástrofe ou desastre que caracterize esse estado de calamidade pública ou de emergência? É a prova eloquente do caráter oportunista, de aplicação marginal do estado excepcional, portanto, do desvio dos princípios da Administração Pública.
Fica uma pergunta: por que a oposição não tornou o contraditório mais público, apresentando um projeto alternativo e melhor, ou emendas? Há muitos militantes de esquerda sem compreender o jogo. Qual será a condução na Câmara, tendo o Lira como corruptor da maioria, com o seu orçamento secreto? Como o governo tem pressa é esperado a tratoração. Enquanto essa PEC de bondade farisaica encontrou guarida e agilidade dos corruptores-mor do Congresso, a CPI da educação no Senado está sendo jogada para após a eleição, no objetivo claro de brindar o governo, vergonhosamente, despudoramente. Evidentemente não somos contra a inflar os benefícios sociais, mas somos contra a sua motivação e uso eleitoreiro. Há outras formas de assistir o povo famélico; dinheiro existe, concentração também, não existe é vontade política.
A par de toda essa patifaria, a gestão bolsonarista além de corrupta é de assédio moral e sexual. O presidente da CEF não agiu sozinho e nem sem conhecimento da corte, dado a intimidade que mantinha com o inescrupuloso presidente genocida. É a promiscuidade da corja de malfeitores desse governo antinacional, antipovo e de cortesãos patrimonialistas. A sociedade brasileira não merece tanta charlatanice, impostura, imoralidades e mentiras. E há de colocar para correr já no primeiro turno esse escroque bufarinheiro que ocupa o planalto. Falta pouco! Vamos fazer nossa parte!
Francisco Celso Calmon, coordenador do canal pororoca e ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça
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