Fabiano Contarato e os múltiplos interesses
Fabiano Contarato e os múltiplos interesses
Francisco Celso Calmon
A entrada do senador Fabiano Contarato no PT, bem como a sua candidatura ao governo do estado, traz potencialmente alterações profundas na política do Espírito Santo e na política interna do PT. Para o ES, ele viabiliza um projeto alternativo ao da dupla oligarca, PH e Casa-Grande, que é o projeto da ONG Espírito Santo em Ação. A sua candidatura, com certeza chegaria no segundo turno, e mesmo considerando as possibilidades difíceis, mas não impossíveis de vitória, seria como fincar um mastro no picadeiro da política espírito-santense, que nunca mais seria como está até o presente, ou seja, sem uma alternativa consequente a essa política voltada prioritariamente aos interesses empresariais dessa dupla.
O doravante seria inequivocamente eles (qualquer um deles com o mesmo projeto) versus nós (com outro projeto) e estaria assegurado o retorno do protagonismo da esquerda e de um projeto popular para o ES. Daí em diante seria só crescimento, não haveria mais retorno ao status quo. Coligações não seriam mais subalternas. Não é só isso que o senador Contarato e sua candidatura alteraria no cenário da política local. A correlação de forças das tendências internas do PT também iria se alterar. Poderia, inclusive, ser pendular, dado a independência do Contarato.

Os atuais majoritários poderiam não o ser mais, bem como, os minoritários também poderiam sofrer alteração, porque estaria na dependência de como o senador se identificará e se comportará na política interna do partido. As consequências da candidatura do Contarato mexem estruturalmente com a política espírito-santense e com o PT. Esta é a macro razão que explica o comportamento não tão entusiástico de lideranças do partido na luta pela afirmação dessa candidatura de Contarato a governador.
O futuro não reservará oportunidade igual
Os interesses intrincados de lideranças petistas ora com PH, ora com Casa-Grande, com débitos e créditos, seriam zerados com a assunção do Contarato, e isto mexe com negócios presentes e futuros. É uma oportunidade histórica singular de modificar para melhor a política no ES e no Partido dos Trabalhadores. O futuro não reservará oportunidade igual, mesmo que daqui a quatro anos o PT esteja com uma candidatura própria, porque o cenário atual não será o mesmo em 2026.
A de romper com a mesmice interna e externa
Como muitos já disseram: é uma oportunidade única de romper com a mesmice interna e externa. Por tudo, acho que Contarato deveria ser menos flexível em relação a eventual ordem nacional, assim como a militância deve permanecer unida e atuante sem baixar a bandeira Lula lá, Contarato cá. Os líderes não são oniscientes. Já erraram tanto na direção partidária como nos governos. Na política não se deve seguir a máxima da acomodação “de manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Somos todos sujeitos da história. (Ou deveríamos ser).
