A caminho do autogolpe?
A escalada das ameaças do Messias
As possibilidades do mandatário
Renato Dias
Clayton de Souza Avelar
Carlos Ugo Santander
Carlos Ugo Santander
O risco de uma eventual aventura golpista do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro [PL], não está descartado, analisa o professor doutor da Faculdade de História, da Universidade Federal de Goiás [UFG], David Maciel. Com a possibilidade de uma mobilização real das Forças Armadas, PMs e milícias, no País, avalia o pesquisador.
A evolução da crise social, o derretimento da economia, o escândalo no Ministério da Educação, o caso de assédio e abusos sexuais na Caixa Econômica Federal [CEF], os índices das pesquisas de opinião pública que apontam uma derrota já no primeiro turno mostram fragilização e perda de força política, dispara o intelectual público.
O golpe já está em curso. É o que alerta Alcilene Cavalcante, professora doutora da Faculdade de História da UFG. Com o aparelhamento da AGU, além da indicação ideológica de ministros do STF, explica a docente. Assim como na falta de limites institucionais para os membros do governo federal e de seus aliados políticos, pontua.
O formato não será como o golpe de Estado civil e militar de 1° e 2 de abril do ano de 1964, acredita. Ela afirma que não é possível descartar também que haja um ápice com a divulgação oficial dos resultados das urnas eletrônicas em outubro de 2022, registra. A escalada do presidente da República Jair Messias Bolsonaro indicaria novo modelo.
Professora doutora da área de Educação, Jacqueline Cunha diz que o autogolpe é sonho de consumo do inquilino do Palácio do Planalto. As forças políticas, sociais, nacionais e internacionais, indispensáveis ao sucesso do projeto não coadunam com a operação, fuzila. Ele imita Donald Trump e quer um Capitólio, uma sandice, metralha.
Um autogolpe é possível, frisa o professor doutor em Ciências Políticas, da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, Carlos Ugo Santander, nascido no Peru Não é provável que obtenha sucesso, observa. Jair Messias Bolsonaro será derrotado no primeiro ou no segundo turno das eleições de outubro de 2022 por Luiz Inácio Lula da Silva, crê.
O desgaste das Forças Armadas no Brasil nos últimos quatro anos é elevado, ressalta. Um episódio como o de 6 de janeiro de 2021, no Capitólio, pode ocorrer, sublinha. A extrema-direita despreza a democracia, destaca. Como ilustram as ameaças à manutenção do Estado Democrático de Direito, insiste. É cúmplice do Centrão, atira.
Jair Messias Bolsonaro insistira, sim, em deflagrar um golpe de Estado com o suporte de uma parte das Forças Armadas, PMs, milícias armadas, frações dos monopólios de mídia e dos vendilhões do templo, adeptos da Teologia da Prosperidade, que cultuam o dinheiro e o mercado como o verdadeiro Deus. É o que vê o historiador de Brasília [DF], Clayton de Souza Avelar.
A extrema-direita fascista não tolera nem a democracia liberal incompleta do Brasil, crê. Não sem a resistência do Judiciário, de uma parte do Congresso Nacional, do Ministério Público, das ruas e opinião pública mundial, relata o professor de História. A campanha eleitoral deve ser de mobilização social e pelas liberdades democráticas, aponta.