Chapa branca, filme esconde erros de FHC
Chapa branca, filme esconde erros de FHC
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O presidente improvável
Renato Dias
Nunca quis ser presidente da República. É o que afirma o sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Exilado no Chile após o golpe de Estado civil e militar no Brasil, ele retornou à pátria em chuteiras, acabou cassado e aposentado aos 37 anos de idade. Depois, fundou o Cebrap. A entidade destinou cinco mil dólares para retirar 100 dissidentes políticos do País sob a ditadura de Augusto Pinochet. Uma noite que durou 17 anos.
O príncipe da Sociologia, acusado de ser adepto das ideias de Leon Trotski, pela repressão política e militar, apesar de estar longe da revolução permanente, colabora na elaboração do programa político do MDB. Uma solicitação de Ulysses Guimarães. Nas duas primeiras eleições que concorreu amargou a derrota. Ao Senado, em 1978, com o apoio do operário Luiz Inácio da Silva. 1985: perde a Jânio da Silva Quadros
Com a eleição de Franco Montoro, em 15 de novembro de 1982, ao Governo do Estado de São Paulo, assume a sua cadeira no Senado. Com o Plano Cruzado, reelege – se em 1986. Para um mandato de oito anos. Em 1992 vota favorável ao impeachment de Fernando Collor de Mello. Vice, Itamar Franco chega ao poder. Fernando Henrique Cardoso ocupa o Ministério das Relações Exteriores, o da Fazenda e lança o Real.
Eleito em 1994, reeleito em 1998, promove a desvalorização do Real. Um estelionato eleitoral. Noventa estatais são privatizadas. FHC cria a Comissão de Mortos e Desaparecidos, concede indenizações pecuniárias, instala a Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça, aprova a Lei de Responsabilidade Fiscal e executa transição democrática, sem ruídos, para Luiz Inácio Lula da Silva, que sobe a rampa do Planalto
O ex-presidente da República faz coro à Operação Lava Jato. Escândalo de Lawfare. Perseguição jurídica implacável com motivações políticas explícitas. A conspiração, com o suporte dos EUA, leva ao golpe contra Dilma Rousseff, em 2016. Michel Temer assume, adota agenda neoliberal e a narrativa antipetista celebrada pelo sociólogo estabelece o clima para a distopia de Jair Messias Bolsonaro [PL].
Documentário que reconstrói a história de Fernando Henrique Cardoso não expõe as fragilidades de suas teorias, o seu flerte com Fernando Collor, esconde as mesadas para a aprovação da emenda da reeleição, em 1997, os esquemas da privataria tucana, a sua evolução patrimonial, o caso extraconjugal, o filho assumido e os seus ataques a Lula. Ele está no streaming Globo Play. Título: O presidente improvável.