A violência bolsonarista
A violência bolsonarista
Francisco Celso Calmon
Cada vez que o genocida golpista age, há os que fazem formulações propositivas e de resistência, e há os que pintam em cores ainda mais fortes o coisa-ruim, no intuito de aumentar a importância da direita no apoio à chapa do Lula e Alckmin. E Lula vai recuando da esquerda ou não, depende. O que fazer? Pressão da esquerda por um programa de anulação crível a todas as contrarreformas do Temer e do genocida, um programa de políticas sociais recuperando os benefícios do povo e do patrimônio nacional. Contudo, isso não dependerá só dele, mas também do Legislativo. Nestas eleições o voto para presidente deve estar casado com os votos nos candidatos ao parlamento nacional. Um Congresso conservador e reacionário tem feito um estrago enorme ao povo e ao país, se não o mudarmos nas próximas eleições, mesmo um governo com Lula na presidência não conseguirá alterar substancialmente o desmonte que foi feito no Estado democrático de direito.
É de suma importância que quadros com handicap eleitoral se coloquem à disposição suas candidaturas para o Parlamento nacional. Nesse sentido, Marina Silva e Ciro Gomes, até para suas sobrevivências políticas, poderiam contribuir muito no enfrentamento ao bolsonarismo se fossem candidatos à Câmara Federal. Se não o fizerem agora, poderão decair ainda mais no futuro. Outrossim, se houver violência bolsonarista e tiver que haver resistência física, não será a direita que o fará. Por isso, Lula mesmo sabendo que a esquerda não desertaria de votar nele, não deve subestimar o seu apoio nesta crucial travessia até o ancoradouro e doravante. Os comitês populares pela democracia, além de prospectar votos, deveriam montar grupos de autodefesa à manutenção de um ambiente de tranquilidade para a votação.
O Alckmin na chapa, até o momento, não se traduziu em melhoria nas pesquisas eleitorais e nem para ampliar a agregação da direita. Quem está fazendo esse esforço são parcelas do MDB e, por decantação, talvez, o PSD. Alckmin está na chapa por ser de direita, com a sua história conservadora, e não para contrição e conversão à esquerda. Soou e soa falso e depreciativo seu discurso como se fosse da esquerda e admirador de lula. Cada macaco no seu galho, antes que o galho envergue. A coordenação da chapa deveria traçar um roteiro para o Alckmin falar para a direita – empresários, banqueiros, religiosos conservadores, associações patronais, visitar os estados eleitoralmente reativos ao Lula e responder aos militares quando necessário.
As movimentações de entidades de direita e de grupos pequenos burgueses estão mais intensas do que as de esquerda, ficam se acercando de Lula, buzinando nas suas aurículas. Na democracia, o lobby, as pressões, é que vão dar o norte na dialética dos pesos e contrapesos da luta democrática de classes. Neste 1º de maio de 2022 não há o que comemorar senão a história de luta da classe trabalhadora. Com 12 milhões de desempregados e com metade da população na insegurança alimentar, só existe uma palavra de ordem para esse dia histórico: derrotar o bolsonarismo. A democracia atual é a da fome, do desemprego e do genocídio, por tudo, a palavra de ordem de toda a sociedade sã deve ser pela restauração da democracia já. “A lei foi feita para garantir que o sistema financeiro receba sua parte. Eu quero saber quando vamos ter lei para que o povo receba sua parte”, disse Lula na recente entrevista a blogueiros.
Nós, também, queremos saber e contaremos com o seu futuro governo e com um Congresso democrático para que isso seja alcançado na prática, porque dinheiro sempre existiu, o que nunca existiu foi uma distribuição de renda justa. Nenhuma família sem moradia, nenhum trabalhador sem emprego, nenhum brasileiro sem comida, são obrigações constitucionais e dos compromissos internacionais de direitos humanos assumidos pelo Estado brasileiro. Que o próximo governo os cumpra!
Francisco Celso Calmon, coordenador do canal pororoca e ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça