Lobbie que pode matar
Reservatório do Ribeirão João Leite
Marcos Cipriano
Especial
Para o Portal de Notícias
www.renatodias.online
Há coisas no mundo que você sabe que existem, mas nunca podem ser usadas. As bombas nucleares são um exemplo. No mundo atual, o arsenal atômico é suficiente liquidar a Terra, acabar definitivamente com todo e qualquer tipo de vida no planeta.
Na próxima segunda-feira, 18, vai ocorrer uma “consulta pública” para discutir a revisão do Plano de Manejo e de Uso Público, da Zona de Amortecimento do Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco e do Parque Estadual do João Leite.
Traduzindo a linguagem rebuscada e inacessível do governo estadual: querem permitir o uso no Reservatório da Barragem do Ribeirão João Leite não apenas para abastecimento público, mas para projetos de lazer. O pior é que, segundo informações de bastidores, a decisão já teria sido tomada. A “audiência pública” seria apenas um bode na sala.
A medida é um grande retrocesso e, se implementada, trará grandes riscos e prejuízos para a sociedade, sem contar o impacto ambiental desastroso. Nem deveria ser discutida porque, tal como um arsenal atômico, não deve ser utilizada.
Há um ditado popular que diz: “jabuti em cima de árvore é enchente ou mão de gente”. A referida “consulta pública” é algo que nem de longe poderia ser pensada, porque na prática legitima um crime de lesa-cidadania.
Permitir que banhistas turistas frequentem a Área de Proteção Ambiental (APA) em torno do Reservatório da Barragem do Ribeirão João Leite um absurdo em precedentes na história de Goiás.
Quais a consequências, além da insegurança para o abastecimento público? Maiores gastos para tratamento da água, aumento do descarte de resíduos sólidos, contaminação do manancial por metais pesados, sem contar os riscos diversos que a presença humana normalmente traz para o Meio Ambiente.
É fundamental que vozes sensatas se levantem num momento tão grave
É fundamental que vozes sensatas se levantem num momento tão grave: Ministério Público, Organizações Não Governamentais, Universidades, pesquisadores, ambientalistas, todos numa corrente em defesa da manutenção do atual Plano de Manejo.
Não há nenhuma justificativa técnica a não ser o interesse econômico
Não há nenhuma justificativa técnica a não ser o interesse econômico presente nessa discussão inoportuna e ilegal desde o seu nascedouro, uma vez que a Constituição Federal e a Constituição do Estado de Goiás estabelecem que “todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, de uso comum
Pode até ser bonito e prazeroso ver bacanas desfilando seus jetskis no Reservatório João Leite, mas isso terá um custo social muito grande, principalmente para as camadas mais humildes da população, que se não têm direito a uma máquina tão possante, pelo menos deveriam ter direito a um copo com água potável.
Em comum acordo ao Artigo n° 225:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Desta forma fica mais dinâmico buscar o entendimento e o conceito de “sustentabilidade” em um ambiente harmônico.
Há modelos de gestão em parques em funcionamento no Brasil, e nos países considerados de primeiro mundo, onde a qualidade de vida, a conservação e preservação do ambiente natural são avaliados de acordo seu Plano de Manejo e da Capacidade de Carga.
Desta forma, a gestão do (s) Parque (s) não só gera qualidade de Vida, como também inclusão social, geração de renda e o conhecimento destas áreas por sua biodiversidade e pelos serviços ecossistêmicos.
Se temos um Plano de Manejo elaborado por técnicos competentes, naturalmente já é previsto não fazer uso de embarcações motorizada e/ ou a propulsão motora no espelho d’água, onde pode se desenvolver a prática da “canoagem a remo ou vela” por meio de escolinha de canoagem ou por nossos canoístas que ainda remam ao longo do tempo por diversos mananciais Goianos fazendo a retirada dos lixos domésticos que a maioria de seus leitores com certeza contribuem com arremessos precisos nos corpos d’água.
Ter ou buscar o entendimento de conhecimento técnico exige não só o conhecimento aleatório, mas a vivência junto ao meio e responsabilidades técnicas de acordo normas da ABNT, Resoluções CONAMA, SNUC, SEUC e SMUC.
Além é claro da Classe de Uso e Enquadramento do corpo hídrico por seus usuários a montagem deste parque. Que até mesmo à natureza das águas se transformam quando mudam do ambiente lótico para lêntico….