Inominável: José Anselmo dos Santos
Um passado que nunca passa
Jamais foi cabo
Cachorro. Delator. Da luta armada
1ª parte da série documental na HBO
Renato Dias
José Anselmo dos Santos é um traidor do movimento revolucionário no Brasil. Assim define – o o fuzileiro naval anistiado, ex – preso político sob a ditadura civil e militar no Brasil, exilado no Chile, México, Bélgica e Moçambique José Duarte dos Santos. Nem comparo – o com José Silvério dos Reis, personagem da História do Brasil, que teve mais dignidade, alfineta – o o ex – guerrilheiro da Ação Libertadora Nacional, a ALN.
A morte de seis membros da VPR sob encomenda
Uma emissora de rádio, com um locutor de voz grave, anuncia a morte de seis guerrilheiros da Vanguarda Popular Revolucionária, a VPR, em Paulista, na Região Metropolitana de Recife, Pernambuco. Duas mulheres. Soledad Viedma Barret e Pauline Reichstul. Além de José Manoel da Silva, Eudaldo Gomes da Silva, Evaldo Luiz Pereira, assim como Jarbas Pereira Marques. Mortos a sangue frio. Pelo Estado.
Uma pilha de cadáveres nas costas
O responsável pelas execuções extrajudiciais possuía uma pilha de cadáveres nas costas. Um infiltrado nas organizações de luta armada. Cachorro. Delator de militantes. Homens e mulheres enviados para a morte. Ele usava os codinomes de Jonathan, Daniel, Renato. Nome falso de Alexandre da Silva Montenegro. A sua verdadeiro identidade: José Anselmo dos Santos. Nunca foi cabo.
Alexandre da Silva Montenegro, a sua nova identidade
O tempo de uso da nova identidade como Alexandre da Silva Montenegro supera os anos de vida de José Anselmo dos Santos. Nascido em Itaporanga D’ Ajuda, Sergipe, ele foi registrado no cartório aos seis anos de idade. Com a educação de um filho de classe média. Filho de Antônio Seabra e criado por Maria Francisca, mãe adotiva. Em 1962 partiu para o Rio de Janeiro: à Marinha. Os seus registros no cartório sumiram.
Cartaz: entre para a Marinha
Um cartaz convocava: entre para a Marinha e conheça o mundo. É o que o agente duplo diz em referência à sedução de ingressar nas Forças Armadas, na Marinha. À época do serviço militar. Ele teria sido recrutado por Antônio Duarte dos Santos. Irmão de José Duarte dos Santos. José Anselmo dos Santos foi eleito, em 1964, presidente da Associação dos Marinheiros. O marinheiro tinha duas divisas. Não era cabo, admite.
Um homem carismático
Homem carismático, confessa o jornalista Flávio Tavares. Os marinheiros, que sequer podiam casar – se, participaram do processo de 1961 a 1964, informa José Duarte dos Santos. O historiador Daniel Aarão Reis Filho vê o cenário mais quente da História da República. Com o enfrentamento de dois projetos, explica. Com as reformas de base e um quadro internacional de revoluções, analisa o pesquisador, hoje, na França.
Discurso incendiário na assembleia dos marinheiros
O discurso de José Anselmo dos Santos, na Assembleia dos Marinheiros, teria sido o estopim para o golpe de Estado civil e militar de 2 de abril de 1964. O presidente da República, João Belchior Marques Goulart, é deposto. Jango era um nacional – estatista. Em sua versão trabalhista. O herdeiro de Getúlio Vargas. O Pai dos Pobres que suicidara-se em 24 de agosto de 1954. Sob crise política com as Forças Armadas
Forças Armadas e a colaboração civil
O medo cimentou interesses e referências das elites e de setores populares, anota Daniel Aarão Reis Filho. Basta ver as Marchas da Família com Deus e Pela Liberdade realizadas no País, revela. Golpe de Estado civil e militar, dispara. Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, o Clemente, aponta que a sua primeira revolta ocorreu com a falta de resistência pós-2 de abril de 1964. Uma estranha derrota.
Sexo na cadeia e fuga espetacular
Os carcereiros permitiram José Anselmo dos Santos fazer sexo com prostituta. Um mimo. Depois, Leonel de Moura Brizola repassa mil dólares, valores de hoje, a Flávio Tavares. Ele entrega o dinheiro a Antônio Duarte dos Santos. Para suborno dos milicos. Ele foge da cadeia, em maio de 1966, para na casa de Onofre Pinto, esconde – se na residência de mãe da Terezinha Zerbinni. Logo, para o Uruguai.
Um agente duplo pré ou pós 1964?
O serviço de inteligência da presidência da República, sob João Goulart, registra que José Anselmo dos Santos era colaborador da repressão política e militar, um infiltrado, já antes do golpe de Estado de 1964. Flávio Tavares concorda e mostra o elo com as facilidades obtidas na prisão e para a sua fuga. José Duarte dos Santos contesta – o e atribui a falsa versão espalhada ao Partido Comunista Brasileiro. O Partidão, atira.