EUA, terrorista econômico
Francisco Celso Calmon
No artigo “Uma mídia ideologizada, um presidente brasileiro apatetado, outro desesperado, no meio de uma tragédia humana” afirmei: Não há somente a batalha militar, há também a guerra cibernética, a guerra econômico-financeira (embargos e contra embargos) e a guerra das comunicações (das informações e narrativas), enfim, uma guerra híbrida”. Em “O conflito Rússia x Ucrânia virou uma guerra global” escrevi: “A maior parte da esquerda é internacionalista e humanista, não nos cabe ficar no muro, contudo, a complexidade das causas históricas e das razões imediatas que geraram a invasão, extrapola o senso comum e o raciocino binário da maior parte da militância de base”.
Os EUA optaram pela guerra psicológica e de marketing, espalhando suas versões e demonizando a Rússia, recriando o clima de guerra fria, enquanto o seu oponente, está cuidando da sua segurança geopolítica. Essa tática de demonização é própria do nazifascismo; nós, brasileiros, conhecemos bem, o que já fizeram com Jango, Brizola, Lula, e ainda farão, com esse mesmo viés demonizador. Em “A humanidade já perdeu. O capital vai ganhar!, de 25/02, considerei: “Da guerra de movimentos, no conflito na Ucrânia, as forças armadas da Rússia passaram ao estágio de guerra de posições, modalidade que exigirá mais das forças de ocupação, principalmente se não contarem com os grupos de oposição ao governo para administrar as cidades tomadas.”
Sufocar economicamente o povo russo, levará a incrementar ainda mais a guerra global: armada, econômica, cibernética e de comunicação. O que tem a Rússia, para além de sua cultura, arquitetura e história, que a faça temida pelos EUA/Otan? Não é a sua economia, certamente. É exatamente o seu poderio militar, o mais poderoso exército não terceirizado do mundo e potência nuclear do planeta”. Sem a Rússia, os EUA/Otan serão militarmente dominantes no mundo! Daí poderão cercar a China que o ameaça economicamente e contingenciar os blocos econômicos.
A guerra econômica, nesta conjuntura internacional é dos EUA contra a Rússia, porém, atinge todo o mundo, e é apenas uma etapa na estratégia de voltar a ser o único polo dominante. Os EUA são capazes de abalarem a economia global no intuito de fazer o povo russo sofrer, na expectativa de abalar o apoio interno ao presidente Vladimir Putin. Para isso, não se vexam de bater na porta da Venezuela, a quem decretaram embargos e reconheceram um presidente fantoche, que pais é esse, cuja coerência é somente com o próprio ego belicoso e prepotente?
Os EUA usam todos como peões, cavalos e bispos, mas a sua dama, a OTAN, está preservada, pois sabe do poderio nuclear da Rússia. Neste jogo, os EUA aparecem como estrategista, a OTAN como a moderada, a Inglaterra, a radicalóide, o bloco europeu exercita a dança das cadeiras, na qual sempre sobra um para pagar o preço maior. Nesta encenação a mídia é a mais ridícula da peça bufa. Não há mais razões de neutralidade quando todos estão sendo atingidos pela guerra híbrida desencadeada pelos EUA.
Se os EUA ganharem, o mundo todo perde, especialmente os blocos econômicos. O BRICS deveria firmar uma aliança econômica mais robusta entre os seus componentes e atuar nesse cenário de caos para fortalecer os seus propósitos. O conflito poderia ficar circunscrito à Ucrânia. Por que não ficou, o que fizeram os EUA? Desencadearam a guerra hibrida, que atinge a todos, até mesmo o povo estadunidense, que sofrerá com a inflação. Quando a verdade não sobe ao palco, as mentiras dançam freneticamente no teatro de operações da guerra, para vergonha do jornalismo autêntico.