É hora de dar um basta!

É hora de dar um basta
Pós _ 7 de setembro de 2021
Fabrício Queiroz posa para fotografias
É hora de lutar
Renato Dias
‘Canalha’. Assim o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro [Sem partido], qualifica, em ato anunciado para a deflagração de um golpe de Estado civil e militar, o ministro do Supremo Tribunal Federal [STF], Alexandre de Moraes. O responsável pela abertura de inquéritos sobre atos antidemocráticos, ameaças à corte suprema e às Fake News disparadas pelo Gabinete do Ódio. As manifestações pediam uma intervenção das Forças Armadas, o fechamento literal do STF, o enquadramento do Congresso Nacional e censura à imprensa, artes e aos espetáculos.

De verde e amarelo, transportados por ônibus, alimentados com marmitex com carne e água para suportar o calor e o clima seco, os adeptos mais fanáticos da nova direita, a extrema-direita no Brasil, ocuparam a Esplanada dos Ministérios. Em Brasília. A capital da República. A Polícia Militar calcula, em São Paulo, à Avenida Paulista, 125 mil pessoas. O equivalente a 1/5 dos mortos sob a Pandemia do Coronavírus Covid 19. O núcleo duro, mobilizável, elétrico, ávido por sangue e repressão, atinge 12%, diagnostica um levantamento estatístico feito pela USP.
O moralismo udenista de suposto combate à corrupção dos ‘éticos eleitores’ do capitão Jair Messias Bolsonaro caiu por terra no Rio de Janeiro. Em tempo: o operador das rachadinhas ou rachadonas, um ilustre e procurado hóspede do advogado Frederick Wassef, Fabrício Queiróz, apareceu ao estilo de celebridade. Como um pop star de cinema. Para posar a fotografias antológicas. No ensaio do golpe que fracassou. Basta! É preciso a sua responsabilização criminal. Jair Messias Bolsonaro deve sofrer impeachment. Não é possível aceitar mais seus desmandos.
Extrema-direita cresce, diz Daniel Aarão
Historiador quer democratização da democracia e ocupação permanente das ruas

Ameaças e bravatas não acabarão em 7 de setembro
Renato Dias
A escalada autoritária do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro [Sem partido], não se encerrará já em 7 de setembro de 2021. A previsão é do professor doutor da Universidade Federal Fluminense [UFF], Daniel Aarão Reis Filho. Ameaças e bravatas contra a democracia, ataques à Constituição Federal, ao Estado Democrático de Direito e aos direitos serão promovidos, com o suporte do seu nicho de apoio mais fanático, analisa o pesquisador do Tempo Presente.

As manifestações, hoje, das extremas-direitas mostram o seu potencial de crescimento, no Brasil, apesar dos desgastes do Governo Federal, com erros catastróficos, queda de popularidade e aprovação popular, pontua. Como apontam as pesquisas de opinião pública. Mesmo com a grave crise ainda subsistem nichos expressivos, explica o historiador. As esquerdas democráticas devem responder com novos e contínuos atos de protestos no Brasil e exterior, crê.

Daniel Aarão Reis Filho diz ao Portal de Notícias www.renatodias.online que é indispensável a apropriação das cores nacionais. As manifestações não podem se resumir à palavra de ordem ‘Fora Jair Messias Bolsonaro’, sublinha. A ideia é formular um programa republicano, não patrimonialista, democrático, com a mobilização horizontal, autônoma, sem controle do Estado, com a criação de fóruns cívicos nos 5.570 municípios das 27 unidades da Federação, dispara.
_ Jair Messias Bolsonaro e seu nicho de fanáticos não aceitarão o resultado de derrota nas urnas de 2022.
Fio de continuidade
Tom confessional
7 de setembro com temperatura nas alturas
38 ° graus em Goiânia
Ar irrespirável em Brasília

Renato Dias
Sob 38° graus de temperatura. De volta às ruas. Um roteiro, com script, protagonizado desde 1977. Aos nove anos de idade, em Goiânia. Com a deflagração da campanha pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita, não obtida. Depois, a retomada do movimento secundarista. Assim como a construção do PT. O meu encontro histórico, em 1983, com a IV Internacional. Da história trágica do profeta armado, desarmado e banido Leon Trotski. Além da luta pelas Diretas Já, derrotada. A divulgação, em 1985, do Brasil Nunca Mais e as lutas na Universidade Federal de Goiás [UFG].

Já no curso de Ciências Sociais, a vitória no primeiro ano, 1985, sob a velha Nova República, em 1985, para o Centro Acadêmico. São Paulo, COM Coneb da UNE e Encontro Nacional de Estudantes do PT. Florianópolis [SC], Encontro Nacional de Estudantes de Ciências Sociais. 1986, em um Seminário da Igreja Católica, um curso de marxismo. Com trotskistas. ‘Camaradas’. Da América Latina. Glauco Arbix [SP], Markus Sokol [SP], Luiz Favre [Argentina e França], Arlete Sampaio [DF], Maria Laura [DF], Roberto Ponge [RS], Tita Dias [SP], Odilon Faccio [SC].

A exibição, em Goiânia, do filme proibido pelo presidente da República, José Ribamar Sarney, Je vous salue, Marie, do cineasta da geração de maio de 1969, em Paris, França, Jean-Luc Godard. Cana na Polícia Federal. A solidariedade veio de Fernando Gabeira [RJ]. Não do PT de Goiás. Eleito para o Congresso Nacional da UNE, em Goiânia, optei por eleições diretas. Contra o PC do B. O ano de 1987 é marcado pelo quebra-quebra de 150 ônibus, depoimento na PC, apreensão de carro do deputado estadual Athos Magno[PT] e uma candidatura à presidência do DCE [UFG].

1989: atos contra o massacre na Praça da Paz Celestial, na China nada democrática muito menos socialista. Capitalismo de Estado. Selvagem nos mercados nacional e global. A campanha do ex – operário metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto. A Frente Brasil Popular. O segundo turno. ‘Lula quase lá serpente’. O impeachment de Fernando Collor de Mello e a eleição de Darci Accorsi, em Goiânia. O Plano Real, a derrota de 1994, a privataria, 1998, novo revés, a crise cambial e econômica de 1999 a 2002. Com a subida de Lula à rampa do Palácio do Planalto.

A reeleição em 2006, a ascensão ao Palácio da Alvorada, da ex-guerrilheira da Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares Dilma Rousseff, em 2010. A criação da Comissão Nacional da Verdade, em 2012. As jornadas de junho de 2013, deflagradas com uma pauta à esquerda, do MPL, depois capturadas pelas direitas autoritárias. Com agendas difusas. Financiadas pelos EUA e o mercado, informam Eugênio Aragão e Guido Mantega. O ‘ovo da serpente’. Manuel Zelaya, Honduras; Fernando Lugo, Paraguai; Dilma Rousseff, Brasil; Evo Morales, Bolívia. Golpes: tipo novo.

Lawfare, Operação Lava Jato, conspiração das Forças Armadas do Brasil, populismo conservador digital em marcha nos Estados Unidos das Américas [EUA], Hungria, Polônia, Turquia, Itália, Índia, com ou sem a orientação do suposto mago dos algoritmos Steve Bannon, tsunami de Fake News e direitas desidratam o centro democrático, polarizam com PT, promovem a prisão ilegal de Lula, levam ao poder, com os suportes de Sérgio Moro, Forças Armadas, conglomerados de comunicação, Deus Mercado, o capitão reformado do Exército Brasileiro [EB] Jair Messias Bolsonaro, em 2018.

Multidões saem às ruas em 2019. Contra os cortes na Educação. Assim como para protestar. Nada de contrarreformas. Conceito formulado pelo historiador Daniel Aarão Reis Filho, professor doutor da Universidade Federal Fluminense [UFF]. Trabalhista, Previdenciária, Eleitoral e o desmonte do Estado Nacional-Desenvolvimentista. Um festival de privatizações. Aos abutres do capitalismo tardio, dependente e integrado ao capitalismo global. 7 de setembro, sob a Pandemia, é a luta e pela democracia e por uma extensa pauta libertária e democrática.


É só um comício eleitoral
Fernando Casadei Salles
Criou-se a falsa ideia que as manifestações do dia 7 de setembro estariam sendo convocadas para a anunciação de um golpe de Estado pelos bolsonaristas. Analisando friamente a possibilidade, se verifica com até certa facilidade que ela foi criada como mais uma ilusão dos seus adeptos do que como programa de ação, sem qualquer base na realidade. Para que fosse real seriam necessárias a existência de condições ideais tanto objetivas quanto subjetivas.

Condições essas absolutamente inexistentes, facilmente observáveis. Como provam o apoio ao governo cada vez menor e o seu isolamento político e institucional extremamente significativo. Sem falar do anacronismo que um golpe de Estado em plena sociedade política globalizada do século XXI representaria. Além do golpe de Estado ser obsoleto como tática política para a tomada do poder, coisa do século passado, como diz o General Humberto Mourão, o poder político que seria seu objetivo central já foi tomado. A questão que se coloca no momento é quanto à sua manutenção e não quanto à sua obtenção.
General Hamilton Mourão FilhoPortanto, do ponto de vista da dúvida sobre as manifestações do 7 de setembro de 2021 pelo núcleo duro de fanáticos, a opção do golpe de Estado não existe. Ela é despropositada. Afinal, dariam o golpe contra quem? Contra eles mesmos? Não foi para isso que a dúvida foi criada e alimentada. Até com certo exagero envolvendo um cantor sertanejo. Seu objetivo foi o mesmo de outras tantas dúvidas criadas diariamente nos noticiários e ou na web, que foi a de criar incerteza na população como parte dos objetivos da estratégia da guerra híbrida em desenvolvimento desde anteriormente à tomada do poder. Mesmo através de eleições “livres”.

O verdadeiro sentido dos atos
No caso específico do dia 7 de setembro de 2021 a coisa foi um pouco mais à frente. Dada à natureza da ação. Além da incerteza, o objetivo foi também dissimular o verdadeiro sentido dos atos, que é o lançamento oficial do primeiro comício nacional referente a campanha presidencial de 2022. Ou seja, além de um ato inserido na estratégia da guerra híbrida. A falsa premissa do golpe de Estado se presta a dissimular o caráter criminoso do ato em si. De crime eleitoral. De antecipação de campanha eleitoral. Parodiando Sigmund Freud, que certa vez se referiu a um cachimbo falando-nos que “às vezes um cachimbo é só um cachimbo”, poder-se-ia dizer igualmente que às vezes 7 de setembro de 2021 é somente um comício eleitoral.

Fernando Casadei Salles, graduado, mestre e doutor em Educação [São Paulo]
