Paulo Henrique Costa Mattos
De Gurupi
Apesar de o ministro da Defesa, Braga Neto, já ter negado publicamente e ter feito juras de amor e respeito à Constituição, a questão que se coloca é: os militares brasileiros voltaram a ser protagonistas políticos depois de um longo ostracismo gerado pelos inúmeros crimes cometidos à época da ditadura militar-civil de 1964?
Como nunca houve justiça de transição e nem punição, eles se julgaram no direito de voltar a ditar os rumos da política nacional, elegeram Jair Bolsonaro sob uma estratégia de guerra híbrida e ocuparam mais de dez mil cargos públicos no governo federal. Acuados com as denuncias de envolvimento em casos de corrupção em compras com superfaturamento em comida, bebida, material de educação física e até vacinas, querem chantegear as instituições e mais uma vez assustar a sociedade com ameaças veladas e explícitas.
Os supostos “patriotas” na defesa do governo federal e nos seus interesses corporativos, porém completamente submissos aos interesses norte-americanos, nada falaram sobre a entrega do Pré-Sal, a base de Alcântara e as privatizações de Jair Bolsonaro e até mesmo sobre os casos de escravidão em base aérea da Aeronáutica, em Anápolis. As Forças Armadas mantém sua longa tradição golpista, antidemocrática e de submissão aos interesses externos.
Registro: fortes com os fracos e fracos com os fortes, falam grosso com a democracia frágil e se calam diante dos crimes mais impatrióticos, em demonstração que vem desde a época do Império, vocação de capitães do mato e estarem sempre a serviço dos poderosos, do capital e da política antinacional. Hoje como não faz mais sentido o discurso requentado do anticomunismo e do antiesquerdismo, eles usam o velho e mofado discurso da moral, dos bons costumes, da manutenção da ordem e do combate à corrupção para demonstrar que são fiadores, mas até isso foi vilipêndio pelas práticas militares do governo federal, estamos sob encruzilhada histórica grave.
Ou a democracia brasileira empurra os militares de volta para os quartéis, demonstrando que eles não são uma Instituição política e nem de governo, mas uma Instituição de Estado, subordinados à Constituição ou veremos nos próximos anos tempos difíceis. Mesmo que Bolsonaro acabe na cadeia no pós 2022, o Bolsonarismo continuará existindo no país. O conservadorismo brasileiro foi uma das pestes trazidas com a eleição de Jair Bolsonaro, como uma abertura tardia da caixa de Pandora no Brasil. O país precisará de décadas para recuperar o que perdeu nessa era de violência, barbárie e terror.