Renato Dias
Com a arma acionada, um disparo. A bala passa de raspão. Apenas um ferimento. A vítima seria o delegado do Deops – SP, Sérgio Paranhos Fleury. Com os seus olhos azuis e as veias saltadas pelo consumo de cocaína injetável. O responsável por cadáveres enterrados sem nome ou sobrenome na Vala Comum, do Cemitério de Perus. Indigentes, negros, indesejáveis ao Esquadrão da Morte. Integrantes da luta armada. Sob a ditadura civil e militar no Brasil. O dedo que disparou o gatilho era de Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz. Nom de guerre Clemente.
Carlos Marighella morto em 4 de novembro de 1969
A vida louca do revolucionário socialista, último comandante militar da Ação Libertadora Nacional, a ALN, fundada por Carlos Marighella, será exibida, nesta quarta-feira, 21 de julho de 2021. É o filme Codinome Clemente. Assinado pela cineasta Isa Albuquerque. Com direito a um diálogo virtual com especialistas no tema abordado. Às 11h. Com transmissão pelo YouTube, Facebook e Twitter, canais do IFCH, da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp. Com Isa Albuquerque, Maria Cláudia Badan Ribeiro, Paulo Abrão, Egmar Oliveira e Marcelo Ridenti.
Clemente, nome de um lateral esquerdo do Vasco da Gama, de reduzidos recursos técnicos com la pelota, ingressou adolescente na organização do carbonário baiano. Com a execução sumária em 4 de novembro de 1969, do ex – deputado federal constituinte, ele assume o comando militar. O presidente da Ultragas, Henning Albert Boilesen, é justiçado. Com a derrota da luta armada e o seu voto contrário, o Comando Nacional da ALN determina sua saída do Brasil. Para o exílio. O retorno ocorre depois da Anistia. A sua mãe, Maria Coelho da Paz, treinada em Cuba, acabou presa, torturada e libertada após campanha mundial. Uma irmã, exílio. Outra, na OSI e Liberdade e Luta, de linhagem trotskista.