Inês Etienne Romeu
Opinião

À memória de Inês Etienne Romeu

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À memória de Inês Etienne Romeu

Inês Etienne Romeu

A sua história revela um Brasil doloroso de encarar


Cristina Serra

Em 5 de maio de 1971, Inês Etienne Romeu, então com 28 anos, militante de uma organização de resistência à ditadura, caía nas garras do delegado Sérgio Fleury, em São Paulo. Inês (que morreu em 2015, aos 73 anos) desceria ao inferno nos três meses que passou em poder do aparato de repressão do regime militar.

Sérgio Paranhos Fleury, delegado do Deops_SP

Foi a única sobrevivente de um centro clandestino de tortura que viria a ser conhecido como “A casa da morte de Petrópolis”. Em 14 episódios, costurados com suspense de thriller, o podcast Roteirices, do jornalista Carlos Alberto Jr., reconstitui a incrível trajetória de Inês, como ela conseguiu sobreviver aos suplícios e pôde memorizar fragmentos de informação que levariam à localização da “casa da morte”.

A Casa da Morte

Muito já se sabe sobre Inês, que, inclusive, prestou testemunho à Comissão Nacional da Verdade e ajudou a identificar torturadores. Mas o podcast se ampara no depoimento de outro personagem fundamental dessa história. Trata-se de Sérgio Ferreira, ex-integrante do Comitê Brasileiro pela Anistia e um dos amigos mais próximos de Inês, que, pela primeira vez, dá uma entrevista com riqueza de detalhes sobre como foi possível identificar a “casa da morte” e denunciar os torturadores que lá agiam com requintes de sadismo.

Sérgio conheceu Inês quando buscava pistas sobre o paradeiro de outro militante, seu primo, Carlos Alberto Soares de Freitas, assassinado na “casa da morte”. Não quero dar spoiler, portanto, paro por aqui e sugiro que o leitor vá ao podcast. E por que falar de Inês Etienne Romeu agora ? Porque ela é personagem de primeira grandeza, à espera de um biógrafo. E também porque a história de Inês nos fala de um Brasil doloroso de encarar. Não se trata de revanche, mas de conhecimento histórico.

Carlos Alberto Soares de Freitas, o Breno

Se soubéssemos tudo o que aconteceu nessa “página infeliz da nossa história”, talvez hoje não estivéssemos às voltas com um governo de generais que celebram, como selvagens em motocicletas, o extermínio de meio milhão de brasileiros.

Jair Bolsonaro de moto _ Poder 360

Cristina Serra é jornalista e escritora. Autora dos livros “Tragédia em Mariana – a história do maior desastre ambiental do Brasil” e “A Mata Atlântica e o Mico-Leão-Dourado – uma história de conservação”.

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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