Fascismo em 2020?
História do Tempo Presente
Fascismo em 2020?
Renato Dias
Jair Messias Bolsonaro anda a cavalo. Mais: participa de ato que pede a intervenção das Forças Armadas _ Exército, Marinha e Aeronáutica. Torturador, Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel que comandou o DOI-CODI, II Exército, sediado em São Paulo, capital, de 1970 a 1974, é a sua referência histórica. O presidente da República, eleito em 2018, diz que não houve um Golpe de Estado em 2 de abril de 1964 e muito menos uma ditadura civil e militar no Brasil [1964-1985]. Eleito em um ‘tsunami’ de Fake News, de notícias falsas, em processo de investigação, hoje, no Tribunal Superior Eleitoral [TSE], afronta, tanto o Congresso Nacional, quanto o Tribunal de Contas da União, insulta a imprensa, que fiscaliza os atos do Poder Executivo. Líder dos 300, Sara Winter marcha, com tochas nas mãos, em uma noite escura, contra o STF. O ‘negacionismo’ entra em cena. A Pandemia do Coronavírus Covid 19 já contabiliza 45 mil mortos.
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_ Jair Bolsonaro [Brasil], Donald Trump [EUA], Viktor Orbán [Hungria], Andrezj Duda [Polônia] e Recep Erdogan [Turquia] são símbolos, hoje, de chefes de Estado autoritários.
A solução do conflito político, econômico e social com a violência. Sem a mediação da política. Com a negação da possibilidade de eventual negociação. Um suposto discurso, uma narrativa antipolítica. Com a perspectiva até de eliminação física de seus adversários políticos, ideológicos e culturais. Com ataque a quem pensa em valores opostos aos seus e afrontamento às instituições, que servem como contrapeso ao Executivo. Como o Legislativo, o Judiciário, o Ministério Público, a Corte de Contas, a mídia, os movimentos sociais, urbanos e rurais. Uma concepção negacionista e de corte totalitário. A ideia de criar uma convulsão social seria para justificar o fechamento do regime político e a deflagração de um autogolpe. É o fascismo. À espreita. A análise é do Doutor da Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás [UFG], David Maciel. Intelectual adepto das ideias do ‘velho e atual barbudo’ Karl Marx [1818-1883].
_ Fuher, Il Duce, Generalíssimo, Mito.
Fenômeno histórico centenário, o fascismo promove o culto à personalidade de um líder, explica o historiador, de Brasília, capital da República, Clayton de Souza Avelar. Um mix de visão autoritária na política e ultraliberal na economia, ressalta o pesquisador. É aplicável tanto na Itália, com Benito Mussolini, em 1922, além de Adolf Hitler, na Alemanha, que chega ao poder, em 1933, assim como Francisco Franco, Espanha, que ascende ao leme do Poder Executivo, em 1939, atira. “É a função do capitão reformado do Exército Brasileiro, presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, em seu método, com violência e grave ameaça às liberdades democráticas, individuais e coletivas, com controle das instituições, para que sirvam aos seus desígnios pessoais e os de sua família, para atender o capital, com a desregulamentação total da economia, das relações de trabalho e do mercado financeiro nacional em época de globalização”, diz
_ O nazifascismo acentua as formas de controle. O Brasil corre, sim, risco de fechamento do Congresso Nacional e de pressão ao Supremo Tribunal Federal.
O mundo enfrenta, hoje, a Pandemia do Coronavírus Covid 19 e o Brasil caminha para o autoritarismo, diagnostica o doutor em Ciências Políticas Itami Campos. Professor aposentado da UFG. Da Faculdade de Ciências Sociais. As experiências históricas ocorreram com Benito Mussolini, na Itália [1922-1945], Adolf Hitler, na Alemanha [1933-1945], Francisco Franco [1939-1975], frisa. É preciso incluir ainda o Estado Novo ou a chamada Segunda República de Portugal. Conceituado de ‘Salazarismo’. Um regime político autoritário, autocrata, conservador, corporativista, violento. É datado do ano de 1933 a 1974. A sua queda ocorre em 25 de abril de 1974. Após 41 anos de duração. Com a ‘Revolução dos Cravos’. Antônio de Oliveira Salazar, em Portugal, o seu líder. Uma fusão entre o fascismo de matriz italiana, o integralismo lusitano e a doutrina social da Igreja Católica, do País, à época. Registro: um dos mais atrasados da Europa.
_ Do Velho Mundo.
Doutor em Educação, Fernando Casadei Salles [SP] contextualiza o fascismo como uma matriz que irrompera na Itália, na primeira metade do século 20. O professor informa que a Ação Integralista do Brasil [AIB], liderada, naqueles tempos, por Plínio Salgado, teve um forte impacto nas ideias de ontem e hoje, no País, dispara. De marca autoritária, registra. Com presença em 1964, como o autoritarismo, o nacionalismo exarcebado, aponta. Um fenômeno, em suas múltiplas dimensões, com o DNA do século passado, sublinha. Como uma resposta contundente ao movimento operário e socialista internacional, analisa. Na Europa, destaca. É o seu marco, as suas circunstâncias históricas, avalia. Um produto das lutas de classes contra a emergência ao poder dos operários e camponeses, metralha. Nascido em 7 de novembro de 1879, Leon Trotski é quem melhor apreendeu o surgimento do fascismo no mundo, ele afirma.
_ De crise e de agonia do capitalismo. É a organização da vida social em um formato totalitário. Medidas autoritárias dos tempos de hoje permite-nos identificá-las com o fascismo.
O cenário possui diferenças, sob o neoliberalismo, resume Fernando Casadei Salles. O escritor inspira-se no materialismo histórico e dialético. Conceitos elaborados por Karl Marx e Friedrich Engels. Trata-se de uma nova conjuntura, relata o ‘intelectual gauche’. O fascismo, executado na ‘Era do Capitalismo Monopolista’, é apenas um cabedal para a adoção de medidas autoritárias no século 21, em um capitalismo reconfigurado, com novas formas de poder e dominação, de saberes, como anota Michel Foucault, filósofo morto, no ano de 1984, narra. As aproximações são feitas no plano do simbólico, recorda-se. O presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, dias atrás, em Brasília, andou a cavalo, como Benito Mussolini, lembra-se. As milícias, na Itália, eram armadas e a violência o método preferido do fascismo, pontua. O armamentismo do inquilino do Palácio do Planalto mostra a propensão das direitas no Brasil, fuzila.
_ Existem identidades. Como o desprezo pelas instituições do Estado. O ‘Estado Sou Eu’. O que serve tanto para Benito Mussolini quanto para Jair Messias Bolsonaro. É um processo.
O presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, possui uma gênese ideológica fascista. É o que admite o jornalista, um ‘expert’ em Jornalismo Gonzo, adepto das narrativas estéticas de Truman Capote, Gay Talese e Norman Mailler, ícones do rotulado ‘New Journalism’, nascido nos Estados Unidos [EUA], um escritor cultuado no circuito underground da Região Metropolitana, Marcus Vinícius Beck, nascido no Paraná e radicado em Goiânia. É um perigo à democracia liberal burguesa, pontua. O ‘Gabinete do Ódio’ foi criado à sua imagem e semelhança, dispara. “O suposto responsável pelo vazamento de nomes 800 antifascistas nas redes sociais.” A criação de milícias, com a tropa de choque formada por defensores da KKK [Ku Klux Klan] tenta intimidar o Congresso Nacional, formado por deputados federais e senadores da República, assim como a Corte Suprema, com 11 ministros do STF, que examinarão o Inquérito das Fake News, observa o editor do DM Revista, repórter especial do Blog Cultural Metamorfose.
_ O Fascismo viola a Constituição, menospreza a democracia representativa, surgiu na Europa, em 1922, na Itália, espalhou-se para Espanha, Portugal e a Alemanha pós-guerra.
Líderes fortes, de caráter populista, surgiram em condições históricas, econômicas, sociais e culturais especiais, analisa o ex-secretário de Estado da Cultura, Prêmio Jabuti, do ano de 2012, ex-presidente da União Brasileira dos Escritores, seção de Goiás [UBE-GO], Edival Lourenço. Não existe cenário semelhante no Brasil, em 2020, para que um fascismo _ tropical_ seja instalado, insiste o gestor cultural. É uma ideologia política que se situa no espectro da ‘extrema-direita’, pontua o intelectual. Como o Governo Federal tenta, hoje, se posicionar, observa, de forma crítica. As minorias constituem também alvos para eventual extermínio, ele acredita. Jair Messias Bolsonaro mostra vontade de eliminar o Congresso Nacional, o STF e armar a população, para instigá-la a uma guerra civil, nutrida pelo fanatismo, diz o cronista e poeta do erotismo pós-moderno. “Queira Deus e a sociedade civil que a tragédia não ocorra.”
_ Benito Mussolini, jornalista e ex – socialista branco, chega ao poder, na Itália, em 1922. Já o fascismo alemão conquista – o, em 1933, com o artista plástico medíocre Adolf Hitler.
O Nacional-Socialismo alemão era racista e antissemita. Benito Mussolini e Adolf Hitler eram anticomunistas viscerais, afirma o jornalista, historiador, especialista em Geopolítica Contemporânea, Frederico Vitor de Oliveira. Na Espanha, com o ‘Generalíssimo’ Francisco Franco, o regime, violento, que deixa 200 mil cadáveres, era adepto do culto à personalidade, revisita. Jair Bolsonaro, Donald Trump e Viktor Orbán, em 2020, fazem parte de uma ‘Nova Onda’, os três inspirados nas teses de Steve Bannon, são autoritários, executam o militarismo, querem a redução do Estado, com a implosão dos programas sociais e assistenciais, registra. Com a bandeira do neoliberalismo, sublinha. Professora e escritora, Nádia Pires relê Émile Durkhein para decifrar o fenômeno além do mundo simbólico. A poeta recorre a Jacques_Lacan, psicanalista. Jair Bolsonaro busca elementos primitivos e de homens maus e fortes, analisa ela.
_ Um antagonismo de um homem confuso, doente, fraco, que usa mitos para parecer forte. Uma mistura de Ku Klux Klan com neopentecostalismo. [A avaliação é de Nádia Pires]
Doutor em Sociologia da PUC de Goiás, Sílvio Costa, de linhagem marxista, vê uma ‘tensão sexual’ nas narrativas do Palácio do Planalto. Mais: o livre-pensador afirma que a definição do atual presidente da República, capitão reformado do Exército Brasileiro [EB], Jair Messias Bolsonaro, como um ‘personagem fascista’, já se apresenta nas últimas manifestações políticas ‘antifas’ no Brasil, em 2020. O fascismo faz ataques sistemáticos à política, anota. Um discurso que mistifica a realidade, ele resume. Falso, insiste. A propaganda é a representação tanto do fascismo, quanto do nazismo, assim como de Jair Bolsonaro, explica. A criação de mentiras para convencer que a falsificação da realidade, a mentira, é uma realidade, relata. A contestação da ciência, um elemento em comum, com o passado, narra. O anti-intelectualismo também, registra. A convocação à lei, à ordem, como mostra a reunião ministerial de 22 de abril último, compõe mais um traço negativo que ilustra a sua vocação para saída de fora da democracia,diz
_ O termo fascismo nasce na Itália, em 1919, com Benito Mussolini, e traz o feixe como a unidade do poder político.
É o que observa Jacqueline Cunha. Graduada em Pedagogia, mestre e doutora em Educação. Com os dois últimos títulos obtidos em Portugal. Uma enviada da ONU. Para a reconstrução da Educação Pública, no devastado Timor Leste [Ásia]. Livre da Indonésia, Portugal e Japão. O líder fascista tem uma verve populista, em nome da suposta união do Estado-Nação, contra o eventual declínio dos valores morais, pela reconstrução de uma economia destruída, que atrai homens e mulheres que perseguem negros, judeus, religiosos, homossexuais e as esquerdas, conta. Adepto do partido único, narra. Apenas as suas ideias em voga, resume. Longe da democracia, atira. Com a promoção do culto à personalidade, revela. Ao Messias, ironiza. Como um enviado de Deus, fuzila. Um suposto ser incorruptível, dono da verdade, vê. O fascismo tenta calar as vozes que o contestam, frisa. O desprezo absoluto pelos poderes. Como o Legislativo e o Judiciário, relata. Censura às artes, espetáculos e à imprensa, lembra. O veto às informações essenciais, informa. “Como a militarização do Ministério da Saúde, sem a divulgação do número de contaminados e mortos pelo avanço da Pandemia do Coronavírus Covid 19”.