Conselho Municipal de Saúde veta Copa América
Leia íntegra da nota oficial
O Conselho Municipal de Saúde, através de sua Mesa Diretora, traz a público seu posicionamento de apoio a vida de brasileiros e brasileiras, de goianos e goianienses reforçando a postura clara de instituições públicas e entidades civis que cumprem seu papel de cuidar da saúde da população. Nesse bojo, cabe citar os Conselhos Nacional e Estadual de Saúde e o Ministério Público de Goiás. Desde o início da pandemia, em solo nacional, nos deparamos com um postura populista, irresponsável que tem como plataforma de governo a banalização da vida e o favorecimento da morte, que nos confere uma política de governo genocida em que a morte é parte do plano. Para que não paire dúvidas sobre essa situação, os últimos atos de desvario desse (des) governo federal insiste em realizar a Copa América em solo brasileiro enquanto as estatísticas apontam quase 500 mil mortos e mais de 16 milhões de pessoas infectadas que sobreviveram, mas que ainda não é possível sequer prever a diversidade de sequelas físicas e emocionais que precisam ser tratadas ao longo das décadas que virão. Nosso povo sofre! Nossas famílias choram pela morte dos seus ou pela ansiedade gerada por toda situação. Enquanto isso o (des) governo federal, ao invés de apresentar um plano nacional de enfrentamento a pandemia, coloca o Brasil para sediar os jogos da Copa América. Os envolvidos, jogadores e equipe técnica são contrários e enxergam os riscos que essa atitude pode gerar.
Toda orientação epidemiológica segue afirmando a necessidade de manter o distanciamento social, o uso de máscaras e a vacinação da população como forma mais efetiva de enfrentamento do contágio. Os decretos do Estado de Goiás e de Goiânia continuam afirmando que estamos em calamidade pública causada pelo novo Coronavírus. Os leitos dos hospitais e UTIs continuam apontando aumento no número de internações e mortes. Estamos na rota de circulação dessa nova variante indiana do coronavírus (chamada de B.1.617). Nosso vizinho, o Estado do Maranhão, registrou em (20/5) os primeiros casos da variante no Brasil que nos coloca como segundo país da América Latina a registrar a nova cepa – o primeiro foi a Argentina. Nesse cenário, precisamos cumprir nosso papel de defensores da vida! Precisamos que cada pessoa participe dessa mobilização popular em defesa da saúde de cada um e de todos cumprindo nosso papel de controle social! Precisamos que as instâncias judiciais atuem cobrando posicionamento coerente dos entes federados e a criminalização dos agentes públicos que vem promovendo a morte e dando risadas de contentamento ao ver o resultado de seus atos.
Vamos continuar gritando que vidas importam. Essa Copa América não pode vir para Goiás. Para Goiânia! Não aceitamos essa atitude antipatriótica, precisamos gritar e nos unir contra a política bolsonarista genocida: não somos gado! A imunidade de rebanho não nos serve! Esperar que a imunidade aconteça deixando a doença se alastrar livremente não pode ser a escolha. O Comitê COVID do Conselho Nacional de Saúde vem realizando pesquisas a partir de três eixos de análise:1) os atos normativos da União, como medidas provisórias, leis, decretos e portarias; 2) atos de obstrução às respostas dos governos estaduais e municipais à pandemia; e 3) propaganda contra as medidas de saúde pública, como quarentenas, uso de máscara e vacinação, entre outros. Os estudos analisados de 3.700 documentos do governo federal e do congresso nacional desde o início da pandemia do coronavírus, associados aos discursos governamentais, apontam que houve ação intencional do governo para disseminar covid-19 no Brasil.
Nesse sentido, a Copa América fica sendo o evento internacional desse plano macabro de extermínio de parte da nação brasileira. A decisão descabida de sediar a Copa América confronta todo conhecimento científico que vem sendo produzido acerca da transmissibilidade do COVID-19, penaliza e desrespeita ainda mais trabalhadores e trabalhadoras de saúde de todo país que vem se desdobrando para cuidar da população. A prática antidemocrática continua difundindo inverdades ao afirmar que todos os jogadores e a comissão técnica (nove países com cerca de 60 pessoas de cada delegação) estarão imunizados. Não há tempo hábil para que isso ocorra considerando que são duas doses e o intervalo de 15 dias para o efeito da segunda dose. Não suportamos mais tanto desmando e tantas mentiras que escondem interesses espúrios e nada republicanos. Fazemos coro com o presidente do CNS, Fernando Pigatto, quando afirma que: “Queremos a imunidade coletiva e ela só pode ser atingida por meio da vacinação. Jamais por contágio e muito menos com uma doença com alto grau de letalidade e sequelas como é a Covid-19”. Gostamos de futebol, mas queremos ficar vivos e para isso precisamos de vacina para todos!
Celidalva Sousa Bittencourt
Presidenta Conselho Muninicipal de Saúde de Goiânia
Resolução no 131/2019/ DOM no 7092 –