Bella Ciao e a morte de um fascista
28 de abril . 1945-2020
Bella Ciao e a morte de um fascista
Marcus Vinícius Beck
O que é que é um ‘mix’ de culto à personalidade, com uma pitada de nacionalismo, temperado com visceral anticomunismo, avesso às lutas de classes, contrário às ideias de igualitarismo e justiça social, o que inclui censura à produção de cultura, artes e espetáculos, assim como à liberdade de imprensa, pedra angular da democracia. Ah! Com a defesa radical da hipertrofia das Forças Armadas. Do aparelho policial do Estado. Além da produção incessante de crises e inimigos. Para mobilizar a sua base social. Bolsonarismo? Não! A efeméride, hoje, 28 de abril, de 2020, é da morte de Benito Mussolini. Em 1945. ‘El Duce’. O inventor do fascismo. Na Itália. O berço do renascimento. Devassada, hoje, pela crise e Pandemia do Coronavírus Covid 19.
Sua Excelência, Chefe de Governo e Fundador do Império. Assim se autoproclamava. Nascido em 29 de julho de 1883, em Predappio, como Benito Amilcare Andrea Mussolini, o baixote, careca e gordinho colocou homens, mulheres e crianças de seu País para marchar, na segunda guerra mundial, desenvolvida, com milhões de mortos, desaparecidos e feridos, de 1939 a 1945, seis anos consecutivos, ao lado de Adolf Hitler. Bigodudo e artista plástico medíocre, responsável pelo Holocausto. Além do Japão. País com vocação expansionista que declarara guerra à Rússia, em 1905, invadira a China, e promovera o atentado, em 1942, a Pearl Harbour, nos Estados Unidos. América do Norte. A morte de seis milhões de judeus. Genocídio.
Após tomar Paris como quem vira um copo de chopp, de caneca congelada, dois graus negativos, do tradicional Outback, uma estranha derrota da França, como anota o historiador Marc Bloch, País cuja Capital manteve a sua vida noturna e cultural como se nada tivesse ocorrido, de 1939 a 1945, apesar da resistência de ‘partisans’, um deles, Apolônio de Carvalho, brasileiro, revolucionário, antifascista, Adolf Hitler avaliou que poderia promover um assalto aos céus. Vingar o Tratado de Versailles, superar a crise de 1929, dominar o mundo. É o que imaginava o Fuhrer. Com o auxílio de Benito Mussolini. O suporte do Japão, o gigante da Ásia. As tropas marcharam até a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, com 15 repúblicas.
Os partisans da Itália cantavam ‘Bella Ciao’. Uma manhã eu acordei e encontrei o invasor, diz a letra. Se eu morrer como um partigiano, você deve me enterrar lá em cima da montanha, anota a canção. Símbolo da resistência. Antifascista. Até contra a escalada do atual presidente da República, capitão do Exército Brasileiro, que defende o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, major, coronel e comandante do DOI-CODI, a sucursal do inferno ou a máquina de moer carne dos dissidentes políticos à época da ditadura civil e militar, no Brasil. Uma noite que durou exatos 21 anos. De 1964 a 1985. Já o Exército Vermelho, fundado por Liev Davidovich Bronstein, codinome Leon Trotski, da URSS, bradava, em alto e bom som, a ‘Internacional’.
‘Ay Carmela’, emocionava os republicanos sob a Guerra Civil Espanhola, de 1936 a 1939. Prometemos resistir, ay Carmela, disparavam. Não há como não se emocionar. A última batalha das utopias. Escritor, George Orwell lutou ao lado dos trotskistas, linha de frente antifascista, atacados, depois, assim como os anarquistas e socialistas, pelos stalinistas. A mando do Kremlin. Ocupado, à época, pelo ditador Josep Stálin [1878-1953]. Fascistas, as tropas de Francisco Franco derrubaram a República, com um saldo de 200 mortos e desaparecidos políticos, com ocultações de cadáveres, feridas não cicatrizas e montaram uma ditadura. De 1939 a 1975, com a morte do rotulado ‘Generalíssimo’, o ‘Mito’ daqueles tempos, é estabelecida uma transição para a democracia, que quase é interrompida pela ‘ocupação militar’ do Congresso Nacional, no ano turbulento de 1981. Registros da História.
Resistências múltiplas
Portugal produziu belas canções de resistência ao ‘fascismo’. Uma ditadura longeva. Com a impressão digital de Antônio de Oliveira Salazar. A Revolução dos Cravos, deflagrada em 25 de abril do ano de 1974, inaugurou um novo tempo. No país do Velho Mundo. Ícone da esquerda latino-americana, Chico Buarque, o filho de Sérgio Buarque de Hollanda, criou uma música, censurada, em elegia à Revolução dos Cravos. Geraldo Vandré embalou a passeata dos 100 mil. Quando? Dia 26 de junho de 1968, no Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa. Estudantes, artistas e intelectuais. Um protesto contra a ditadura civil e militar que depôs o presidente da República, João Belchior Marques Goulart. Com ‘Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores’, 1968. O Brasil resistente, de 2020, reinventa ‘Bella Ciao’, canção secular da Itália. Para _ ‘Ele, não!’
Saiba mais
Bella Ciao
Traduzida para a Língua Portuguesa
Uma manhã, eu acordei,
oh bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau, tchau, tchau!
Uma manhã, eu acordei
e encontrei o invasor.
Oh partigiano, me leve embora,
Oh bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau, tchau, tchau!
Oh partigiano, me leve embora,
pois sinto que vou morrer.
E seu eu morrer como partigiano,
Oh bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau, tchau, tchau!
E se eu morrer como partigiano
Você deve me enterrar.
Me enterrar lá em cima na montanha,
Oh bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau, tchau, tchau!
Me enterrar lá em cima na montanha,
sob a sombra de uma bela flor.
E as pessoas que passarão,
oh bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau, tchau, tchau!
E as pessoas que passarão
te dirão: “Que bela flor”.
Esta é a flor do partigiano,
Oh bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau, tchau, tchau!
Está é a flor do partigiano
morto em nome da liberdade.
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https://www.youtube.com/watch?v=HVR6GPACdLg
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